Ao transcrever para o papel
As marcas de sua historia,
As marcas de sua historia,
O homem deixa público
A essência de sua memória...
Revela sonhos,
A essência de sua memória...
Revela sonhos,
Mostra traços,
Revive a velha infância...
Não sabe se ri ou se chora
Não sabe se ri ou se chora
Quando aliena na escrita
O que restou de sua história...
E agora como órfão
O que restou de sua história...
E agora como órfão
Se apega ao que escreveu
Como se fosse isso,
Como se fosse isso,
A única certeza que sobrou do que viveu...
Num misto de sensações
Num misto de sensações
Entre ficção e realidade,
Suas emoções se confundem
Como se não fosse sua,
A própria identidade...
Retoma o tempo,
Como se não fosse sua,
A própria identidade...
Retoma o tempo,
Acelera a vida,
Visita lugares como se fossem suas lembranças,
Profundezas de uma caverna desconhecida...
E o homem agora nobre,
E o homem agora nobre,
Carregado de historia,
Vasculha livros,
Varre cantos de suas experiências inglórias...
Mas, que destino é esse,
Mas, que destino é esse,
Impregnado de lembranças?
O homem agora arrasta pela vida,
O homem agora arrasta pela vida,
A saudade de criança...
E então já maduro
E então já maduro
Apropria-se de seus contos...
E no ato de reflexão senta o filho no colo
E no ato de reflexão senta o filho no colo
E vai ensinar-lhe a lição...
– Um homem sem memória meu filho,
– Um homem sem memória meu filho,
Não tem vida,
Não tem perdão!
E então ainda criança,
Não tem perdão!
E então ainda criança,
O filho nesse instante
Fita o homem dos olhos emaranhados...
Vê correr na face antiga
Vê correr na face antiga
As lágrimas de uma vida,
De seu pai,
De seu pai,
Retirante...
Com um nó na garganta,
Com um nó na garganta,
Suplica ao próprio filho:
- Não deixe morrer meu legado!
Então ainda menino,
Então ainda menino,
O filho segue a sina
Servindo como testemunho
Servindo como testemunho
Que as historias jamais terminam...
Se o principio começa do fim,
Se o principio começa do fim,
Essa passagem é um rito,
E agora o velho homem
E agora o velho homem
Pode viajar sossegado pelo infinito...
Que total responsabilidade
Que total responsabilidade
Deste filho ainda infante...
Ter que dar continuidade
Ter que dar continuidade
À escrita deste errante!
E assim como despedida
E assim como despedida
Com a mão estendida
O homem abraça o filho
Agora iniciante - escritor da própria vida...
E o filho pela mão,
Agora iniciante - escritor da própria vida...
E o filho pela mão,
Firma no lápis da vida
Mais um escrito em construção...
E o homem em dividida
Mais um escrito em construção...
E o homem em dividida
Já morto!
Embora com vida!
Sai de cena...
Se morreu ou se está vivo,
Sai de cena...
Se morreu ou se está vivo,
Deste homem
Mais nada se sabe...
Mas sabemos que o infante,
Mais nada se sabe...
Mas sabemos que o infante,
Que foi filho deste errante,
Embora morto de saudade...
Agora segue adiante
Agora segue adiante
Resgatando o que sobrou do velho pai...
E o velho escritor,
E o velho escritor,
Desta escrita enfarado,
Nesta vida só queria
Ser feliz e
Ser amado!
Albertina Chraim
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