sexta-feira, 28 de outubro de 2011

18. A AMORA



Se alteramos o pensamento,
O delírio vem a tona...
Se alucinarmos a realidade
Vemos coisas onde não tem...
Se brincarmos de Deus,
Provocamos o diabo...
Se escutamos vozes,
Nos perdemos no silêncio...
Se exagerar-mos nas cismas
E no foco de nos mesmos,
Transitaremos na paranóia...
Se queremos o imaginário,
Perderemos a capacidade do afeto...
Mas do afeto,
Depende nosso destino...
Se o real nos assustar,
Fantasiaremos a sobrevivência,
E a beleza e a elegância
Camuflarão nossa demência...
Se do medo nos nutrimos
Para da realidade fugir,
Não suportaremos o peso de existir...
Como é insana essa loucura
De desvirtuar a realidade
De imaginar que pirilampos,
Se vestem de maldades...
Se olhares se fixam,
Aparece a alucinação
Dos elementos deste universo
Estarem transvestidos de anunciação...
Do que nos afastamos,
A não ser da realidade
De não estarmos em sintonia
Como o que há de verdade?
Do que nos afastamos
Quando nos prendemos ao passado
A relembrar a todo instante
O que sabemos ser suportado?
Que dificuldade de relacionar-se
De igual para igual?
Que necessidade de proteção
Nos deixa louco sem direção?...
Do que nos afastamos
Ao negar o desconhecido
E nos prendermos
Já aos primeiros passos aprendidos?
Que defunto ainda em vida
A existência nos convida
A enclausurar a própria sorte
Nas historias mal vividas?
Como podemos nos condenar
A viver de outra forma
Se ainda não aprendemos
A suportar os próprios lutos?
Na medida em que nos escondemos
Entre a realidade e a demência
Entrevaremos já nas primeiras letras
As historias de nossa sina...
E no doce sono da eternidade
Esperamos encontrar a paz
Que juramos não ter em vida...
Por que feliz é a AMORa
Que desenhou em seu próprio nome
A escrita da palavra
Amor.


Albertina Chraim

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