Escrevo textos em forma de poesias, que contam história minhas ou histórias suas que me provocam a escrita. Escrevo hoje, simplesmente pelo prazer de poder reler no outro dia. Por isso, apenas verso.
sábado, 30 de novembro de 2013
238. JOGRAL DE UMA VIDA
Pouco importa se são vãs,
As são, porem minhas!
São elas que me varrem a alma
Que sei, em teu silêncio,
As continhas!
Desordeiras,
Outras travadas...
Revelando-se em mistérios
Na força das entrelinhas...
Traçadas em devaneios
Fugindo do que é real...
Ao embrenhar-me neste universo
Deixo os traçados de minha vida
Num jogral!
Albertina
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
237. LUA NUA
Debruçada
na janela,
Via-se
a caminhar,
No
outro lado da rua
Com
passos largos,
E de corpo,
Nua...
Nua...
Foi
assim que ela se via
Do
outro lado da rua
Completamente,
Sua...
Sua...
Era
final de tarde,
Aproximava-se
a lua
Debruçada
naquela janela
Inebriando-se
pela miragem
Imaginando-se,
Nua...
Nua...
E
daquela janela
Totalmente
nua
Sentia o corpo aquietar-se
Como se fosse dona,
Da rua...
Da rua...
Os pássaros a aninhar-se
Nas copas daquelas arvores
Deixavam
a rua deserta...
E sem
tempo para vida,
Por de
trás daquele cenário
Balançavam-se
as cortinas...
E nas
transparências da vidraça
Daquela
janela,
Muito
embora menina,
Via-se
completamente,
Nua...
Nua...
Albertina
Chraim
domingo, 3 de novembro de 2013
236. MUITO PRAZER, MEU NOME É AMOR
Roubaram-nos a rua de criança,
Era lá que construíamos
As lembranças...
As brincadeiras eram livres
Sem malicias ou deslizes...
Corríamos a voltar da escola
Para poder assumir a rua
Onde sentávamos na calçada
A contar as aventuras...
Muito prazer!
Meu nome é amor!
Venho de longas datas,
E ainda quando criança,
Mirando-te no olhar...
Era algo sem sentido
Que me dava sentido à vida...
Não entendia o que acontecia
Pois era ainda menino,
Mas, o reconhecia...
Eu corria a brincar
As tuas brincadeiras
Para poder sentir-te de perto
Mesmo sentindo aquela tremedeira...
E aquele tempo, ainda menino
Embalsamávamos a realidade
De um perder-se em tudo isso
Restando-nos somente a saudade...
Então, quando crescêssemos
Jurava-te teu para toda a vida...
E assim os anos se passaram
E você continuava linda,
Não importando se o tempo
Tenha marcado nossas faces...
A rua continuava a ser aquela menina
Suportando as distancias
Aproximando-nos nas ausências
Como se perpetuasse as horas da inocência...
Mas um dia,
A infância já envelhecida
Rouba-nos a nossa rua de criança...
Num giro de lembranças,
Esbarramo-nos com o tempo
Aproximando aquelas crianças...
Que sentam agora as margens daquela calçada
Conversando sobre o tempo
Recordando as brincadeiras
Dando-se conta,
De que lhes roubaram a rua de criança.
Mas o tempo tinhoso
Repetindo a mesma frase
Suportando a distancia,
O tempo e a saudade...
Superando o descaso,
O medo e a vaidade.
Aproximou-se outra vez
Apresentando-se.
Muito prazer,
Meu nome é amor!
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
235. ALGAZARRA
No silêncio de minha voz,
Ouço as algazarras do pensamento,
Em brados de calmaria
A fragmentar-me...
São restos de memórias
Muitas vezes esquecidas
Suportando as marcas
Das escaladas,
Outras vezes das descidas...
Sento-me à cadeira,
A reler os meus escritos,
Em cada verso que encontro
É como se o Eu, jamais tivesse existido...
Deparo-me com uma estranha
A dizer-me coisas que penso,
Invadido a tal privacidade,
Revelando-me em seus pensamentos...
O que fica de verdade
É o que suporta o tempo.
As mentiras!
Essas foram esquecidas,
Perderam-se ao vento...
Com fagulhas de vaidade
Em mistos de saudade
Vou ouvindo os barulhos
Que ajustam-se com o tempo.
E o tempo?
Esse, senhor da vida,
Em gesto de caridade,
Acaricia minha alma
Cicatrizando as feridas.
Albertina Chraim
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