sábado, 15 de setembro de 2012

151. O SUJEITO E OS ANJOS



(bonecos humanos)

O Sujeito,
Repleto de elegância,
Chega ao mundo,
Com encanto de criança...

Arrasta-se pelo tempo,
Tal qual a uma serpente
Ate tomar forma de gente...

Coração resiliente
Batendo junto
Ao peito...

Os olhos esbugalhados
A respirar o ar rarefeito...

Seguiu a escrever a sua historia
Entre batalhas vencidas...

Outras tantas lutas
Inglórias!

Pisando suas trilhas
Com suas historia escritas...

Nas tabulas da vida
Reveza-se entre a saudade...

O amor e a maldade
O descaso e a vaidade...

Mas, o sujeito!

Da mesma forma,
De quem se lançou ao mundo
Ainda sem firmamento...

A vida o tombou,
Como quem lhe rouba
O tempo...

Mesmo ainda
Desfeito,
Entregou-se a esse leito
Como se não lhe pertence-se
A vida de sujeito...

Então!
Os Anjos espalhados,
Por essa entidade,
Em forma de jaleco branco,
Ataram-no a sorte ao ouvir seu coração
Batendo juntado ao peito...

Não se importaram com a demência
Desse cérebro que já não pensa...

Nem se o corpo já não responde...
Os comandos de sua essência...

Acolheram-no por entre os anos
Como se fosse o Sujeito,
Um lindo boneco humano.

Quem desvendará esse mistério,
Que envolve o homem em terra,

Unindo Sujeitos e Anjos
Resignificando a vida
Como se fossemos todos
Homens!
Bonecos humanos?

(...Em agradecimento a todos os Anjos: funcionários, enfermeiros e médicos, do Imperial Hospital de Caridade, pelo profissionalismo com que tratam os Sujeitos nem tão pacientes que são alojados nesse hospital... em nome de “Cesinha”, Sujeito hospitalizado há mais de dez anos, nessa entidade...)

Albertina Chraim
setembro 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

150. ESPELHO



Escuta-me espelho meu,
O que quero te dizer
Ao fitar-me a face
Revelo-me a você...

Congelas minha imagem
Como se o tempo pudesse parar
Reviras minha alma
Por instantes a recordar...

Percorrendo por entre os poros
Os tempos de outrora
Chego à metade do caminho
Encontro-me com o aqui,
Perdendo-me no agora...

Encontro nessas trilhas
Tão pisadas de historias
Misturas de sentimentos...

Tantas lutas inglórias
Tantas batalhas vencidas,
Quantas lagrimas roladas
Entre tantas esperanças
Nas promessas esquecidas...

Entre a saudade
E a realidade
Desvendas-me com o que vejo
Com a mesma esperança de menina
Diante  de ti
Espelho!

Albertina Chraim

terça-feira, 4 de setembro de 2012

149. PORTA RETRATO


Prendo no porta retrato
A imagem da criança... 

O sorrindo em juventude
Reverenciando a infância... 

Me pego na adolescência
Cortejando a mocidade... 
Repleta de insolência 
Fruto da tenra idade... 

Encontro-me bem mais tarde
Com o que vejo da realidade... 

Apenas o porta retrato
Esconde a verdade... 


Dos sorrisos camuflados
Da beleza congelada... 

É a moldura que esconde
O que somos de verdade... 


Albertina Chraim

domingo, 2 de setembro de 2012

148.PARALELAS COINCIDENTES




Do outro lado da rua
Era tudo instigante...

Não se via nada em comum
Pois distintos eram seus pontos...

Apenas as janelas, eram coincidentes
Nelas se via,
A vida a correr,
Por entre os instantes...

Do outro lado da rua
A vida seguia
De memórias ressentidas
Dos momentos tão distantes...

Não se tinha a noção
Do que o tempo iria fazer...
Com as tramas da poeira
Que a brisa iria tecer...

De um lado ao outro da rua...
Paralelas de historias...

Juntavam-se os personagens
Em forma de destino...

Mal se sabia que eram eles
Paralelas coincidentes...

E o desfecho desta historia
Que pertence ao futuro
Ainda não se sabe...

A única certeza que se tem
Dos dois lados da rua...

É que se fundiram as paralelas
Em uma única historia...

Repleta de planos distintos
Tinham pontos comuns...

De fundirem as paralelas
Em uma única historia...

Reluzindo a esperança
De atar dois corações
Em paralelas coincidentes...

Albertina Chraim