domingo, 29 de dezembro de 2013

239. JORNADA


Visto-me a pele
De veste nova...

Cubro meu semblante
Na tez que me bronzeia o sol...

Sigo meus passos
No compasso de novos rumos...

Arrumo-me,
E em prumo me desalinho...

Descabelo-me
No novo penteado...

E meu corpo esfacelado
Segue em estradas
Sem direção...

Meu olhar erguido adiante,
Por instante se congela
Na linha do horizonte...

Contemplo o universo
Que em versos me fazem do avesso.

Exponho-me em desejos
Que em lampejos
Abrilhantam minha mente...

E as mãos postas para o céu
Aproxima-me da oração...

E o valor de minha vida
É muito mais que gratidão...

Vou seguindo por essa estrada
Sem magoa e sem perdão..

Albertina Chraim

sábado, 30 de novembro de 2013

238. JOGRAL DE UMA VIDA


Pouco importa se são vãs,
As são, porem minhas!

São elas que me varrem a alma
Que sei, em teu silêncio,
As continhas!

Desordeiras,
Outras travadas...

Revelando-se em mistérios
Na força das entrelinhas...


Traçadas em devaneios

Fugindo do que é real...

Ao embrenhar-me neste universo
Deixo os traçados de minha vida
Num jogral!

Albertina

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

237. LUA NUA


Debruçada na janela,
Via-se a caminhar,
No outro lado da rua
Com passos largos,
E  de corpo,
Nua...

Foi assim que ela se via
Do outro lado da rua
Completamente,
Sua...

Era final de tarde,
Aproximava-se a lua
Debruçada naquela janela
Inebriando-se pela miragem
Imaginando-se,
Nua...

E daquela janela
Totalmente nua
Sentia o corpo aquietar-se
Como se fosse dona,
Da  rua...

Os pássaros a aninhar-se
Nas copas  daquelas arvores
Deixavam a rua deserta...

E sem tempo para  vida,
Por de trás daquele cenário
Balançavam-se as cortinas...

E nas transparências da vidraça
Daquela janela,
Muito embora menina,
Via-se completamente,
Nua...

Albertina Chraim


                

domingo, 3 de novembro de 2013

236. MUITO PRAZER, MEU NOME É AMOR


Roubaram-nos a rua de criança,
Era lá que construíamos 
As lembranças...

As brincadeiras eram livres
Sem malicias ou deslizes...

Corríamos a voltar da escola
Para poder assumir a rua
Onde sentávamos na calçada
A contar as aventuras...

Muito prazer!
Meu nome é amor!

Venho de longas datas,
E ainda quando criança,
Mirando-te no olhar...

Era algo sem sentido
Que me dava sentido à vida...

Não entendia o que acontecia
Pois era ainda menino,
Mas, o reconhecia...

Eu corria a brincar
As tuas brincadeiras
Para poder sentir-te de perto
Mesmo sentindo aquela tremedeira...

E aquele tempo, ainda menino
Embalsamávamos a realidade
De um perder-se em tudo isso
Restando-nos somente a saudade...

Então, quando crescêssemos
Jurava-te teu para toda a vida...
E assim os anos se passaram
E você continuava linda,
Não importando se o tempo
Tenha marcado nossas faces...

A rua continuava a ser aquela menina
Suportando as distancias
Aproximando-nos nas ausências
Como se perpetuasse as horas da inocência...

Mas um dia,
A infância já envelhecida
Rouba-nos a nossa rua de criança...

Num giro de lembranças,
Esbarramo-nos com o tempo
Aproximando aquelas crianças...

Que sentam agora as margens daquela calçada
Conversando sobre o tempo
Recordando as brincadeiras
Dando-se conta,
De que lhes roubaram a rua de criança.

Mas o tempo tinhoso
Repetindo a mesma frase
Suportando a distancia,
O tempo e a saudade...

Superando o descaso,
O medo e a vaidade.
Aproximou-se outra vez
Apresentando-se.

Muito prazer,
Meu nome é amor!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

235. ALGAZARRA


No silêncio de minha voz, 
Ouço as algazarras do pensamento,
Em brados de calmaria
A fragmentar-me...

São restos de memórias
Muitas vezes esquecidas
Suportando as marcas
Das escaladas,
Outras vezes das descidas...

Sento-me à cadeira,
A reler os meus escritos,
Em cada verso que encontro
É como se o Eu, jamais tivesse existido...

Deparo-me com uma estranha
A dizer-me coisas que penso,
Invadido a tal privacidade,
Revelando-me em seus pensamentos...

O que fica de verdade
É o que suporta o tempo.

As mentiras!
Essas foram esquecidas,
Perderam-se ao vento...

Com fagulhas de vaidade
Em mistos de saudade
Vou ouvindo os barulhos
Que ajustam-se com o tempo.

E o tempo?
Esse, senhor da vida,
Em gesto de caridade,
Acaricia minha alma
Cicatrizando as feridas.

Albertina Chraim

domingo, 20 de outubro de 2013

233. RESTOS


Ando sem medo
Por tudo que ela me deu
E os anos de minha historia
Confundem-se entre ela e eu...

Não me vejo sem ela,
E ela sem mim, não seria eu...

Sigo cada segundo
Mirando o céu e a terra
Tecendo realidades e utopias
Sem definir o que há entre ela e eu...

Ao chegar-me nesse mundo
Já me encontrei com a partida
Como se o fim e o começo
Fossem as paralelas da vida...

Se de um lado é a partida
Do outro se faz a chegada...

E nos trilhos por onde passo
Deixo as marcas de minha estada...

E nessa trilha
De verdades e fantasias
Vou vivendo cada segundo
Como se fosse um recomeçar,
Um despertar de um novo dia.

E o que sobra desses instantes
E o que resta da vida
Se não fosse a essência
Entre a chegada e a partida.

Albertina Chraim

232. O MISTÉRIO E O POETA


Há um mistério profundo
Nas mãos de um poeta
Ao deslizar por entre os dedos
A vida em forma de letras...

Há um misto de ironia
Nas falas de um Poeta
Ao descrever com poesias
A vida, mesmo quando não há festa...

Há um misto de arrogância
Na essência de todo poeta
Ao deixar seus registros
Como se viessem deles
A fala de um profeta...

Há um tanto de inocência
Nos escritos do poeta
Ao permitir lançar traçados
Em mentes indiscretas...

Em seus rabiscos,
Muitas vezes obscenos
Descortina o Outro
Que na caverna deste humano
Habita o escondido.

Albertina Chraim

sábado, 19 de outubro de 2013

231. O ÓCIO DO POETA




Não ha poeta sem alma,
Nenhum poema é vazio
Mesmo que lhe pareça oco
Foi da alma que pariu...

Poemas são feitos de alma
É a alma enriquecendo o vazio
É o ócio do poeta
Mesmo que lhe pareça vil.

Poemas são feitos de alma
Ë a alma dando sentido ao vazio
Mesmo que nesta alma
Aprisiona-se um coração vadio

Albertina Chraim

234. ESCRAVA DAS PALAVRAS



Escravizam-me as palavras
Num fascínio sem proporção
Muitas vezes, maior que a própria dimensão...

Não sei de onde isso me vem
Colho-as como quem se encontra num vasto pomar,
Saboreando os frutos de cada estação
Ou quem sabe perde-se num deserto
No meio da solidão... 

Ao atravessar esse deserto
Deparo-me com a ilusão
De  que cada uma delas,
Quando profanadas,
Adentram-me como fagulhas  
Aquecendo-me a alma...

Nessas andanças,
Não foram poucas as palavras que dilaceradas,
Outras muitas amadas,
Escreventes me fizeram vida...

Palavras de ordem,
Outras tantas de desordem...

Palavras, sempre as palavras!
As ditas, as não ditas,
As santas quem sabe,
As mal ditas,
As ouvidas,
Outras apenas sentidas...

As palavras doces,
As palavras sem vida.
Palavras soltas,
E tantas palavras esquecidas...

Palavras que me desconsertam
Quando em concertos me acertam.

Por meio das palavras ouço os tons de tantas vozes,
E quando mudas,
Amadora me deito seu gesto
Alinhavando as  acaricias em meu corpo...

Tantas palavras doces, sorrateiras,
As palavras safadas desordeiras...

Palavras que não cabem em explicação.
Somente aprende a escutá-las quando se perde a razão...

Palavras!
Às vezes lúcidas,
Às vezes apaixonadas...

As palavras têm seu peso,
Como o amor que em surdina desequilibra a razão.

Palavras soltas trazem estragos,
Expondo-nos ao perigo,
Porem quando juntas constroem tantos abrigos...

Talvez seja a palavra o bem maior de toda uma civilização,
Quando por meio delas são tomadas tantas decisões.

Ah!
As palavras,
Coisa do tão feminino
Se, homem ou mulher,
Diante dela se desmancharam tantos castelos...

Um “sim” ou um “não” –
Não faz a diferença - quando as palavras são jogadas para fora da alma,
Desfila-se sobre terra
Os desejos do coração.


 Albertina Chraim

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

230.ABANDONO


O vazio rebelou-se em vida,
E no espaço que permeava
Da matéria surgiu o oco...

Cobriram-lhe de solidão
Como um móvel escamoteado
Por aquele lençol branco...

Driblaram-lhe a poeira
Acobertando-o de ausências...

E a vida assim, revelou-se!

E ele que nasceu tosco,
Viveu torto,
Acabou-se,
Muito embora ainda com vida,
Já morto.


Albertina Chraim

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

229. E O QUE NAO É ESPELHO


E teus olhos que tudo belo vem,
Miraram-me a alma espelhada em você....

Atado  a moldura
Que te amarra ao espelho
Condenas tua beleza
Enclausurado á própria  face..

E o tempo traiçoeiro,
Descuidando da própria sorte
Derruba em terra o homem
Entorpecido pela vaidade.


Albertina Chraim

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

228.RELEMBRANDO A INFÂNCIA


Ia de mansinho caminhando pela vida
Reunindo  lembranças que jurava esquecidas...

E hoje então, em especial nesse dia,
Dei uma parada relembrando a roupa
Alva que clareava na bacia...

E nas brincadeiras de nossa infância
Enrolávamos-nos nos lençóis
Que bailavam com o vento no varal...

E senti ainda a aragem,
E de longe, uma voz feminina
Que dizia que roupas limpas não serviam de cortina...

E do apelido,
De cara de lua cheia
Que na época me doía,
Hoje fazemos graças...

Chamavam-me de lunática
Que vivia em outra esfera,
Por falar e dizer coisas
Quando menos se espera...

E hoje eu entendo,
O que queriam me dizer.
Mana acorda pra vida!
Você precisa crescer...

De Irma preocupante,
Debochada e atrevida,
Que fazia hora com todos,
Muitas vezes sem medidas...

Então meus irmãos
Que a infância nunca termine...

Hoje o pouco que nos reunimos
É o muito que nos une,
Nas lembranças que guardamos
Quando a vida ainda era menina...

Lembrei daquele dia que,
Escorreguei na grama verde,
E torci o tornozelo,
E vocês me socorreram
Com pedras de gelo...

E quando faltava luz
Assustávamos uns aos outros
Fingindo ter coragem
No clarão da lamparina...

E das brincadeiras de criança
Muitas vezes embora menina
Investíamos horas a correr como
Quem não tem tempo de parar para comer...

Agora meus irmãos,
Ajustando nossos ponteiros
Sentamos em volta da mesa
Relembrando as brincadeiras...

E fica a certeza
Que felicidade é ter historia
Para contar dos irmãos,
Retomando a memória...

Albertina Chraim

domingo, 1 de setembro de 2013

227.UM SONHO




Hoje, visitei lugares que não existiam,
Habitava lá um misto de realidade,
Com um tanto de fantasias...

Eram castelos imensos,
Mesclados de amarelo...

Estava tão perdida,
E alguns momentos me via encontrada...

Encontrei desconhecidos,
Que me pareciam, por momentos
Apenas esquecidos...

E naqueles lugares aonde,
Nunca havia pisado,
Durante aquele sonho
Pensei estar acordada...

Era tudo tão surreal,
Que chegava a ser natural...

Parei para pensar,
Quão  instigante é o sonho
Faz-nos transitar entre o real e o imaginário...

E em questão de segundos
É como se o meu tempo  estivesse paralisado...

Escalei tantas torres,
Visitei tantos porões,
Perdendo-me em labirintos...

Entre verdades e fantasias
Me via do outro lado...

Era como se meu corpo,
De minha alma houvesse se afastado...

Uma remexida dali,
Uma remexida daqui,
Um sono inquietante
E tudo havia acabado...

Acordei um tanto incrédula
Olhando para todos os lados...

Querendo continuar a historia
Para ter a certeza,
Que havia  apenas sonhado...

Fico a pensar,
Que todo sonho é malvado...

Afasta o corpo da alma,
Para nos ver  do outro lado...

E depois nos entrega a incerteza
Se  estávamos dormindo,
Ou se estávamos acordado.


Albertina Chraim

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

226. AUTOBIOGRAFIA



Albertina de Bisa
Poema em vida em vida,
Atada nas letras
Mesmo quando essas,
Encontravam-se contidas...

Celina de Mãe,
De olhos azuis,
Cabelos de anjos,
Arcanjos de luz...

De sempre ativa
Correndo pela vida
Buscando a fonte
Que anda escondida...

Mattos, 
Em nome do pai,
Fez-se filho pródigo,
Perdeu-se da lida da roça,
Achando-se nos livros
Na cidade grande
Que o recebeu
De braços estendidos
Abrindo-lhe as porta...

Chraim,
Estrangeiro,
Na travessia dos mares
Refez-se sem medo
Desbravando o oceano
De tantos segredos.


Albertina Chraim

domingo, 25 de agosto de 2013

225. DESDENHO




Adentro-me no mundo,
Estranho!
Identifico-me com tua vaidade
Olho em torno de teus pertences
Como se fosse minha a tua identidade...

Olho e não os tenho
Apenas o desejo me pertence...

Ë como se o que vem do Outro,
Abastecesse-me,
O que dele desdenho...

Se não fosse a admiração,
Velada em forma de inveja
Diria com mais clareza
O quanto de ti me espelho...

Seria tudo bem mais simples
Se, não fosse esse sentimento
Que disfarçado de ciúmes,
Tudo de ti cobiço...

Então não me culpes, 
Estranho!
Por admirar-te tanto...

Melhor seria se o orgulho
Permitisse-me,
Elogiar-te por teus encantos.


Albertina Chraim

domingo, 18 de agosto de 2013

224. ESCREVENTE DA PRÓPRIA VIDA


E ela subiu a montanha
Como quem revê o tempo...

Depois de longa jornada,
Caminhando em tarde fria...

Chegou ao pico,
Revendo a própria trilha...

Ao mirar-se bem lá longe,
Encontra a ilusão,
Num tempo de fantasias...

E quando então se aproxima,
Retoma a infância em suas mãos...

Manipula poucos brinquedos, 
Reinventa as brincadeiras,
E depois que acordada,
Dar-se conta que era tudo ilusão...

E ela assim se ajeita,
Naquele alto da montanha
As voltas com a imensidão...

Um olhar, mais alem,
Vê a juventude brincando com a esperança
De um dia ser gente grande 
Desbravando os continentes,
E depois volta pra casa,
Como se nunca estivesse ausente...

Porem naquele mesmo horizonte,
Volta a se perde no tempo...

Ao contemplar a distancia,
Olhando-se um tanto mais próxima
Depara-se com a própria vida
Diante de si,
Bem perto,
Agora á sua frente...

Corteja cada segundo,
Como se nunca houvesse pecado,
E assim anoitece sem saber
Se é noite,
Ou se é dia...
 
E em questao de segundos,
Cria asas e sai voando,
Planando por tantas historias
Que compuseram a sua vida...

E do alto daquele topo...
Contemplando a sua existência...

Ela vê tanta gente,
Escalando aquela montanha...

E ao enxergar-se no pico
Mira-se,
Escrevente da própria  vida.



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

223. OLÍMPUS


E os Deuses se fizeram homens
Descendo em terras santas
Desvirginaram a vida
Empulhalando suas lanças...

Gritaram seus brados
Guerreiros em montarias
Ceifaram tantas vidas
Como quem as pisa
Em brasa frígida...

E nos poemas,  
Escritos em lapides frias
Cravaram nas mortalhas
Gotas de sangue 
Ao inscrever-se na mitologia.


Albertina Chraim

quarta-feira, 31 de julho de 2013

222. REINVENTAR-SE


E ele voou alto,
Alcançando o infinito...

Perseguiu seus sonhos
Libertando-se dos juramentos,
Negando-se aos vôos rasantes...

Determinou seu destino,
Recriando a própria historia...

Voou bem mais alto
A escalar a dimensão...

Quebrou sua natureza
Revolto entre as barreiras...

Nem pelicanos, nem corujas,
Nem falcões ou albatrozes...

Voou em pensamentos
Afastando-se do bando...

Escalou os céus,
Na busca de sim mesmo...

Não encontrou limites
Nem temeu a estrada...

Voou varando as noites,
Enfrentando as madrugadas...

Compreendeu então,
A extensão de sua jornada,
Ao voar mais alto que o bando
Chegou bem perto do aqui e do agora...

E no sonho de liberdade
Foi além do próprio corpo...

Eis que ao olhar o horizonte
Desapegou-se de suas crenças
Reinventando-se de novo.

Albertina Chraim

segunda-feira, 29 de julho de 2013

221. O CONTORNO


Ainda ontem falávamos  
O que vem a ser o contorno,
Aquilo que fica em volta
Como se fosse um adorno...

Então passo agora,
A falar sobre o adorno,
Alegoria que dá vida
Dando insígnia ao contorno...

São as bordas de nosso espaço
Limitando o que há dentro da gente...

Não como forma acabada,
De podar o livre arbítrio,
Mas, como insígnia da busca
Dos próprios argumentos...

Não do quem vem do Outro,
Pois cada um tem suas escolhas
Mas, o que vem de si,
Dando silhueta à própria existência...

Como as bordas do seio
Que amamenta o filho
Vindo do contorno do ventre
Que deu guarida à vida.

Albertina Chraim

sexta-feira, 26 de julho de 2013

220.SEM COMEÇO E SEM FIM



Em minhas retas quase tortas
Deslizo meus escritos
Em forma de prosa...

Reversos de meus pensamentos
Quase sempre tão secretos,
Por meio das palavras
Encontro-os,  tão expostos...

Nas esquinas de minhas escritas
Deito-me sobre a vida
Descrevendo os sonhos
Como se fossem pipas coloridas
Deslizando no céu...

E a lua derretendo-se em mel
Desfila entre as estrelas na imensidão do céu,
Navegando em alto mar
Com um barquinho de papel...

E essas retas quase tortas
Descrevem parte de mim
Como se fosse o Eu,
Algo sem começo,
Algo sem fim...

Albertina Chraim



domingo, 21 de julho de 2013

219. CONVERSA DE BAR


O errado e o certo
Em conversas de bar...

Gastaram suas horas
A se apresentar...

O certo imponente,
A cravar suas idéias...

O errado irreverente
Tentando se justificar...

Foram horas
De trelas...

E o certo falava de Deus
Em que se espelhava...

O errado falava do Outro,
A se vangloriar...

Mal sabiam que diante,
Daquela longa conversa...

Estavam travando batalhas
Disfarçadas em idéias...

Seria tudo muito simples
Se não fosse o medo de pecar...

Estaria o certo profanando,
E o errado a se confessar...

E o dois protagonista,
Dessa conversa de bar
Saíram abraçados
Jogando a toalha...

O errado chegou a conclusão 
Que o certo também tem seus apreços...

E o certo percebeu 
Que o errado estava apenas do lado avesso...

Tudo dependeu
Do ângulo que um viu o outro,
Chegando a conclusão
Que ninguém é perfeito...

Não há certo que nunca erre,
Não há errado que nunca acerte...

E assim encerrou-se aquela conversa de bar,
Do que é certo ou errado
Sem poder se condenar...

Albertina