sexta-feira, 30 de agosto de 2013

226. AUTOBIOGRAFIA



Albertina de Bisa
Poema em vida em vida,
Atada nas letras
Mesmo quando essas,
Encontravam-se contidas...

Celina de Mãe,
De olhos azuis,
Cabelos de anjos,
Arcanjos de luz...

De sempre ativa
Correndo pela vida
Buscando a fonte
Que anda escondida...

Mattos, 
Em nome do pai,
Fez-se filho pródigo,
Perdeu-se da lida da roça,
Achando-se nos livros
Na cidade grande
Que o recebeu
De braços estendidos
Abrindo-lhe as porta...

Chraim,
Estrangeiro,
Na travessia dos mares
Refez-se sem medo
Desbravando o oceano
De tantos segredos.


Albertina Chraim

domingo, 25 de agosto de 2013

225. DESDENHO




Adentro-me no mundo,
Estranho!
Identifico-me com tua vaidade
Olho em torno de teus pertences
Como se fosse minha a tua identidade...

Olho e não os tenho
Apenas o desejo me pertence...

Ë como se o que vem do Outro,
Abastecesse-me,
O que dele desdenho...

Se não fosse a admiração,
Velada em forma de inveja
Diria com mais clareza
O quanto de ti me espelho...

Seria tudo bem mais simples
Se, não fosse esse sentimento
Que disfarçado de ciúmes,
Tudo de ti cobiço...

Então não me culpes, 
Estranho!
Por admirar-te tanto...

Melhor seria se o orgulho
Permitisse-me,
Elogiar-te por teus encantos.


Albertina Chraim

domingo, 18 de agosto de 2013

224. ESCREVENTE DA PRÓPRIA VIDA


E ela subiu a montanha
Como quem revê o tempo...

Depois de longa jornada,
Caminhando em tarde fria...

Chegou ao pico,
Revendo a própria trilha...

Ao mirar-se bem lá longe,
Encontra a ilusão,
Num tempo de fantasias...

E quando então se aproxima,
Retoma a infância em suas mãos...

Manipula poucos brinquedos, 
Reinventa as brincadeiras,
E depois que acordada,
Dar-se conta que era tudo ilusão...

E ela assim se ajeita,
Naquele alto da montanha
As voltas com a imensidão...

Um olhar, mais alem,
Vê a juventude brincando com a esperança
De um dia ser gente grande 
Desbravando os continentes,
E depois volta pra casa,
Como se nunca estivesse ausente...

Porem naquele mesmo horizonte,
Volta a se perde no tempo...

Ao contemplar a distancia,
Olhando-se um tanto mais próxima
Depara-se com a própria vida
Diante de si,
Bem perto,
Agora á sua frente...

Corteja cada segundo,
Como se nunca houvesse pecado,
E assim anoitece sem saber
Se é noite,
Ou se é dia...
 
E em questao de segundos,
Cria asas e sai voando,
Planando por tantas historias
Que compuseram a sua vida...

E do alto daquele topo...
Contemplando a sua existência...

Ela vê tanta gente,
Escalando aquela montanha...

E ao enxergar-se no pico
Mira-se,
Escrevente da própria  vida.



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

223. OLÍMPUS


E os Deuses se fizeram homens
Descendo em terras santas
Desvirginaram a vida
Empulhalando suas lanças...

Gritaram seus brados
Guerreiros em montarias
Ceifaram tantas vidas
Como quem as pisa
Em brasa frígida...

E nos poemas,  
Escritos em lapides frias
Cravaram nas mortalhas
Gotas de sangue 
Ao inscrever-se na mitologia.


Albertina Chraim