sexta-feira, 25 de novembro de 2011

61.ETERNO MÁRIO LAGO


Sem mar,
Sem rio,
Sem  lago,
É assim que fica a terra
Nos cem anos de Mario Lago...

Se, a Amélia é que era mulher de verdade
Aurora,  deveria ser mais sincera,
Gilda não pedia desculpas
Mas foi  Zeli quem
Amarrou   seu coração...

Pobres mortais gostam porque precisam
Mario precisava por que gostava...

A vida briga com o humano
Humano Lago fez um acordo com a coexistência...

Se, o tempo te persegue,
Mario Lago fazia as pazes com a vida...

Na calda do arco Iris,
Via em suas cores a esperança...

Mario Je ne regrette rien
Não lamentava a vida
Fazia tudo por paixão…

Foi sempre um expectador
Cortejando ao passar pela vida...

Cem anos de Mario Lago
Deixou a terra Arida...

Sem mar,
Sem rio
E sem lago.
Com terrenos áridos
Sem suas sábias palavras,
Que nos davam sentido á vida...

Não calava no peito nenhuma dor
Nem atirava a primeira pedra...

Tinha no romance a dor que provou,
Por acreditar na saudade,
Escrevia com varias tintas o verbo amar...

Tinha sempre um querer,
Convicto de que nem o mundo
Entende nossa magoa, nossa dor...

Desenhando uma estrela
Imaginava-se no céu...

Cantou aos quatro cantos
Que se um amor se vai
Deixa contigo a saudade...

Entre seus mil amores,
Eu fui a numero um...

Nada além que uma ilusão,
Meu doce Mario Lago...

Albertina CHRAIM

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

60.DE ONDE VEM TANTAS PALAVRAS


Nem mesmo eu sei dizer,
É como se minha garganta
Só soubesse escrever.

De onde vêm tantas palavras
Nem eu mesma sei dizer
É como se meus pensamentos
Se expandisse ao escrever...

Minhas escritas
São palavras não ditas
Que residem em meu corpo
Como inquilino de meu Ser...

Da escrita  faço trovas
E nas trovas desnudo
Minha intimidade...
Exponho-me a maldade...

Se soubessem todos os homens
Que a escrita os liberta
Entenderiam melhor a loucura
Que aos lúcidos tanto atormenta...

Se de poeta e louco,
Todos nos temos um pouco
De escritor quase poeta
Todo homem revela em sua  escrita
As tramas de suas mazelas...

Albertina Chraim

domingo, 20 de novembro de 2011

59-POR ONDE TENS ANDADO


Caminhando em tarde livre
Encontrei um curioso
Que me pergunto à luz do sol
Por onde tenho andado...

Parei para pensar
Aquela indagação
Pois nem mesmo eu sabia qual era a direção...

Se os anos me guiaram
A saudade me amparou
A relembrar em cada passo
Onde tudo começou...

Nos caminhos,
Muitos deles deixei marcas
Das coisas que acreditava          
E das coisas que
Duvidava...

Olhando para trás
Parei para rever
Os caminhos que andei...

Numa trilha mais feliz, aprendi a brincar
E depois pouco mais tarde
Descobrir o que é amar...

Já bem mais distante, da fase das brincadeiras
Comecei a me dar conta
Que era hora de parar...           
          
Então me assegurei
Como que num passe de mágica
Aos filhos dessa estrada
Doei-me como anfitriã
A cortejar cada segundo...

Agora já mais madura
Com mais desenvoltura
Apego-me
A minha historia
Como escritor da própria vida...

Então ando as voltas
Com os traços da escrita
A contar por meio das letras
Os caminhos de minha vida,
Dos lugares onde andei...
Albertina Chraim

terça-feira, 15 de novembro de 2011

58. VAIDADE


Vai idade!
Leva contigo
O viço da pele,
Deixando as marcas do tempo
Que tatuaram minha face...

Vai idade!
Roubaste meu corpo
Que ainda ontem era moço
E hoje carrego na lembrança
A beleza da carne...


Vai idade!
Esnobas minha vida
Arrancando os anos
Como se fosse o peso da idade
O pecado mais profano...


Vai idade!
Chegas sem dó
Roupando minha aparência
Quando na flor da idade
Soberba mirava o espelho
Escrava da própria imagem...


Vai idade!
Sorrateira,
Quase nobre,
Iludindo os homens que a beleza mais profunda
É beleza que os olhos descobrem...


Vaidade!


Albertina Chraim

domingo, 6 de novembro de 2011

57.NAS ENTRELINHAS


Embaixo das pontes
Coberto com os jornais
Letrados com várias fontes,
Curioso perguntou...

Mãe que letra é essa
Que se escreve essas palavras
Que leio embaixo da ponte?

Assim ele passava o tempo
A brincar de escolinha
Quando nas noites frias
Lia a vida nas entrelinhas...

Juntava cada pedaço de letras
Unindo inocência e curiosidade
Ia lendo as palavras
Que falavam da humanidade...

Se o filho do doutor
Dormia em seu colchão
Ele embaixo da ponte
Aprendia a lição...

Com o dedo em riste no jornal
Debruçado nas entrelinhas...

Quando chegou à escola
Já se via alfabetizado...

Professora,
Eu já sei ler!       
Aprendi ainda criança
Quando minha mãe
Me manda entregar um papel
Para vários homens...

Eu não sabia o que estava escrito
Mas depois ela sumia
Quando voltava trazia
Um prato de comida
Que matava minha fome...

E deitado nos jornais
Perguntava para ela
O que eram aquelas letras
Que  entregava a tantos homens...

E assim aprendeu a ler
A tal realidade
Foi juntando as letrinhas que
Que se tornou homem letrado
Ao ler nas entrelinhas
As palavras do jornal...

Albertina Chraim


56. PLENITUDE


Passeando pela vida,
Encontrei um lindo olhar
Em questão de segundos
Enamorei-me de seu perfume...

Instalei-me em seus encantos de
Ternura e sedução...

Uni meu coração ao dela
Desejando a plenitude...

Então agora estou
Entrelaçado por esse amor
Por ter me devolvido a vida
E entendido o que é amar...

Não tem palavras que exprima  
Nem mesmo há poesia que cante
Em prosa ou verso
O sentido deste amor.

Albertina Chraim

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

55. NA MINHA RUA DE CRIANÇA



Na minha rua de criança
Eu não tinha saída...

Passava as horas a brincar
Sem me preocupar em entender a vida...

Bicicleta monareta
Soltava pipa
Rodava pião...

Brincava de pique esconde
Não tinha medo de ladrão...

Na minha rua de criança
Era mesmo sem saída
Em todo final de tarde nos reuníamos
Na  varanda...

Chupávamos melância
Não tínhamos noção da hora.
Ao ver meu pai cortá-la com miolo,
Dentro de uma bacia...

Na minha rua de infância
Era pura fantasia
Tinha brincadeiras,
Tinha  gargalhadas...

Enterrávamos moedas em latas de leite Ninho
Fingindo ser  um tesouro
Para desenterrá-lo no mesmo dia,
Como se fossemos meninos tolos...

Na minha rua de infância,
Tinha toddy e  figurinha
Jogávamos bafo
Brincávamos de boneca
Subíamos em arvores,
E das folhas fazíamos comidinha...

Na minha rua de infância,
Tudo era muito diferente
Ser tolo era ser simples,
Sentíamos-nos inteligente...

Na minha rua de infância,
Não tinha prédio,
Não tinha nada,
Mas tinha o mais importante   
A liberdade da criançada...

Albertina Chraim 

54. MEU PRÓPRIO JÚBILO



 O que é meu
 O que é  do outro
 Convidam-me a uma  reflexão...


 É  como se o  que escrevo
 Fosse  para o nada
 Parece que escrevo
Apenas para  permanecer acordada...


 Isso as vezes,
 Parece-me em vão...


 Parece que falo comigo mesma...


 Em meio a essa ausência,
 Em relação a presença do Outro
 Fica a impressão
 Que faço  escrita
 De minha própria fala...


 De que forma alguém lê  aquilo que escreve ?
 De que forma alguém escreve aquilo que leio?
 Onde é o começo e onde se estabelece o fim ?
 Onde se estabelece o real e onde se firma o imaginário?

 Será que escrevo meu  inconsciente?
 Será que leio minhas memórias?
Meu inconsciente faz cócegas em meu corpo
Que lançam para fora  fragmentos de minha alma...

Qual o grau de compromisso
Que tenho  com minha escrita?
E qual comprometimento que a leitura do Outro
Terá com o que escrevo?

Que faíscas acendem a força de minhas palavras?
O que abrando no outro pode  atormentar outras historias?
Entre o que é meu e o que e do outro,
Ficam  nos registros de minha escrita...

No desejo de reler cada palavras como se elas,
Minhas palavras,
Fosse o refil de meu  próprio jubilo.

Albertina Chraim

53.INSTANTES



Instantes,
Que  dividem
A existência em horas...

Transforma os segundos
Em  eternidade...

O instante,
Senhor da vida
Planeja a partida
De quem chega
Já  em forma de despedida...

Instante,
Moleque sorrateiro
Menino zombeteiro
Manipula   o homem
Como seu eterno
Brinquedo...

O instante,
Ferindo  a gente
Pelo peso da idade
Consumindo as horas
Como seu doce preferido...

O instante
Que brinca com a vida
Cicatriza as feridas
Deixadas pelo tempo
Que nos condiciona a vida

Em vários instantes...

Albertina Chraim

52. ENCLAUSURADA





Imersa no desejo de sair da solidão
Enclausuro-me no manto da escrita...

Vou cantando pelos cantos
Em cada folha morta de outono
Nos caminho já trilhados
Ou nas linhas do horizonte...

Quem sabe, nas marolas do oceano
Ou nas curvas que faz  o vento
Na imensidão do universo
Ou nas  horas  que faz o tempo...

Enclausurada pelo desejo
De vencer a solidão
Me  envolvo da escrita
Que habita a  emoção...

Nesta busca incessante
De encontrar-me comigo
Viajo feito cometa no teu perfume de humano...

Ao exalares tal aroma
Inebrias minha alma
Aprisionas meus instintos...

Me  feres o peito
Tal qual bico de querubim
A roubar o néctar da flor...

Como é doce a certeza
Desta alma enclausura
Ao  acreditar que nesta  vida
Ao  aninhar-me em meus escritos
Vou matar minha saudade....

Albertina Chraim
                                                                    

51. O QUE É O AMOR




O amor é algo bobo,
Até mesmo algo  estranho...


Deixa marcas e esquece  o tempo
E a vida fica mais elegante...

Faz a dança sensual,
Deixa a fala bem mais mansa...


O olhar fica meloso,
Feito dengo de criança...

O amor é mesmo,
Essa mistura de elementos...


Faz mentir,
Faz ser sincero,
Mistura os sentimentos...

Deixa seguro quem é amado
Mas inseguro quem ama...

O  amor não tem  preço,
Nem valor,
Não tem herança...



Chega de mansinho,
Mas chega forte.
Faz os amantes encherem-se de esperanças,
Acasalando-se em seus ninho...

Em total desequilíbrio,
Os amantes sentem o cheiro da água
Vêem as cores com mais brilho,
E a vida mais serena...

O amor é mesmo bobo,
Chega tirar do prumo,
Faz os amantes se encontrarem
Mesmo perdendo o rumo...

Enobrece a vida,
Faz  gente grande virar criança...

Até a saudade,
Te sabor de poesia...


E quando juntos
Perde-se a noção 

Do quando é noite
Do quanto é dia...  


O amor é mesmo
Uma mistura de sentimentos...

Faz os amantes quando longe,
A tocar-se em pensamento...

Albertina Chraim

50. O HOMEM SE FAZ ESCUTA



E do homem se faz escuta 
Feito  palavras ‘in vitro’ –

E já na incubadora
Inicia   o registro 
Por meio dos próprios  traçados,
Sua própria escrita...


Com o peso das palavras, 
Enrola-se feito  genitora 
A aconchegar-se no fundo do âmago...


E quando apaixonado,
Negligencia-se de si mesmo
Ao desejar demais  que o outro
Esteja ao seu lado para tornar a existência mais serena...


E assim segue seus dias, 
Meio a realidade ou fantasia
Escrevendo poesias 
Para burlar sua solidão...


E o ser inconsciente 
Com grande heresia,
Em questão de segundos,
Transforma em versos as experiências...


Dos momentos de escuta 
Num cálice de poesia...
Albertina chraim

49. O QUE DESEJA O HOMEM



E tudo que o homem busca
Nessa sua trilha pela vida,
É conhecer  o Outro,
Que  segura na ponta do lápis as suas feridas...
Na vastidão do azul do horizonte,
Sua historia vai passando, em forma de vento frio..
Em vão ao abismo humano segue refletindo,
Com se diante de um espelho 
Encontrasse um estranho...
Atrás de todas as lendas
Que se tem de um espelho
A única verdade que fica é que
Tudo o que o homem acredita,
Esta em seu espelho refletido...
E o homem segue lutando,
Pelos ideais e as paixões...
Busca a serenidade
Em ânsias de saudades, 
Na essência de sua vida.
Fica a alma abandonada
Pelos escritos que confinavam 
Seus segredos mais profanos...
Espiando pela fresta da vida
Distancia-se do ser humano...
Ao rever os seus escritos
Transpostos  nessa vida,
Numa folha do papel,
O escritor mergulha num lago imenso
Ondulante e transbordante os enigmas de sua historia...
Como um solitário errante.
Pelas andanças dessas trilhas,
Com passadas de esperanças
Vai buscar no inconsciente as razões
De uma sina  doidivana...
E o homem inebriado  do néctar da vida,
Saboreia por meio da escrita 
A essência do existir...
Se tem dor,
É porque tem vida!
Não importa o tamanho das magoas,
As sorrateiras cicatrizes
Perpetuam para que não esqueçamos as feridas...
E a essência de viver
Esta no peso das palavras
Que o homem  escuta 
Já nos primeiros sopros de vida...
Albertina Chraim

48.A SOLIDÃO DO ESCRITOR




Na partitura da autoria da vida
O “in” pode ser “contra”, 
O “com” pode ser  “junto”,
O “ciente” é “sabido”...


Estaria no embrião da vida
Escondido o tal inconsciente?


Que artifícios o homem usa 
Ao relatar com o peso da grafia
O sacrifício de viver?


Na busca de trazer a tona 
O que não consegue falar,
O homem registra nas linhas da vida,
Os traços da essência das coisas que teme calar...


Disfarçando o anseio da escuta
A liberdade de escrever retarda 
A certeza do envelhecer...


Nesse sentido, 
Envelhecer seria burlar 
A forma precoce de morrer? 


Ao escrever,
O homem emudece a fala 
Silenciando a escuta,
Quando a sua escrita crava
 Na folha suas inquietudes...


E assim a escrita 
Comprova a solidão de um escritor...


O que seria a solidão 
Que acompanha o do escritor?


Seria o dom de ausentar-se,
Desligar-se de si mesmo,
Permitir-se perceber o ‘Outro’
Que habita seu universo interior?


Seria ausentar-se da realidade,  
Comprometer-se com o risco 
De não poder mais se reencontrar?


Ao desligar-se da realidade,
O escritor liberta  sua obra
Ate então presa a seus conceitos 
De homem consciente...


Mas, de que se constitui essa obra, 
Que liberta a alma, mas compromete o espírito 
Ao trazer para a terra  a escritura do homem?


Na leitura da obra do escritor,
Escutam-se os gritos da alma em sintonia silenciosa
Como se estivesse o autor a libertar-se de seus espíritos...


Como quem se abre numa gaveta,
Vai remexendo sensações 
Encontra riscos e escritos...


Em meio a tantos arquivos esquecidos.
Páginas rasgadas,
Outras tantas amassadas...


Traços rascunhados 
Dos desejos  envelhecidos...


E da solidão do autor
O homem sedimenta sua estrada
Entre as guias paralelas 
Da realidade e do seu interior...


A solidão do autor percorre o deserto
Povoado dos sonhos de um escritor...


Em meio a Oasis o homem voa
Nas asas de ‘con’ “dor’...


Transforma a aridez em  um mar fecundo 
De palavras e sonhos...


Desmistificando sua dor
Sai da terra,
Chega na lua,
Caminha nas águas com  louvor...


Abre a terra e semeia a vida  
Com seus textos a insultar  o leitor.

Albertina chraim