quinta-feira, 29 de março de 2012

121. JAZ EM VIDA


E  o homem faz canção
Pelas violas da vida...

Nos acorde de seus passos
Inicia a partida...

Nas curvas que faz o vento
Em rajadas ou em  brisas...

Fixa em suas memórias
As cicatrizes de tantas feridas...

Se um dia  é sorriso
No outro  é despedida...

Todo homem  um dia  jaz sua história,
Sobre a terra
A sua vida...

Albertina Chraim

120. O ESTRANHO NINHO


Sinto na pele a ausência de ti
Bate a saudade vazia
E o ninho fica estranho...

O vazio de ti doe a alma
Pelo tempo que eu te tinha
Perto de mim...

Sinto a saudade tingindo meu corpo
Que ainda ontem era bobo
Por sentir o perfume que exalavas de ti...

Sinto na pele a ausência de ti
Bate vazia a saudade
E o estranho fica no ninho...

A alma de ti doe vazia
Perto de mim o tempo que tinhas...

Meu corpo tingido sentido saudades
Bate a saudade vazia
Que bobo ainda ontem
Sentias o perfume que exalavas em mim...

Albertina Chraim

119. POR TUA FELICIDADE


Acordo de madrugada
Com o barulho da alma
Despertando meu sono
Adormecido de saudades...
Num piscar dos instantes
Recordo tua fala
Chamando-me a toda hora
Para jogar conversa fora...
Venha aqui,
Deita comigo...
Agasalha-me em teus braços
Preciso de teu abrigo...
Acordo de madrugada
Embalada pela saudades
De um tempo quando criança
Eras inocente em tuas falas...
Em momentos de tua insegurança
Encolhias em meu colo
Como embrião ainda no ventre...
Mas o tempo foi passando
E como borboleta
Abrisses tuas asas...
E em minhas madrugadas
De solidão e saudades...
Ajoelho-me em oração...
Por tua felicidade.
Albertina Chraim

quarta-feira, 28 de março de 2012

118. A ROUPA QUE USO


A roupa que uso
É costurada com fios de seda
Bordada de lantejoulas
Dando vida a minha alma...

A roupa que uso
Cobre minha carne
Com se fosse ela,
Cobertor  de minha alma...

A roupa que uso
É indumento de minha fala
Disfarça em pedrarias a voz que se cala...

A roupa que uso 
Reveste  meu corpo,
Casulo de minha alma...

A roupa que uso
Não tem cor,
Não tem forma,
Não tem estilo,

Veste com ela, a beleza mais vil
Do vigor  que translúcida
Minha alma.

Albertina Chraim

domingo, 25 de março de 2012

117. O RETRATISTA

 
No andamento das horas,
O tempo não perdoa,
Passa os segundos com ligeireza,
Consumindo em instantes,
Tantas coisas boas...

Mas, essa vida matreira,
Congela tantas eras.
Permitindo-nos a voltar
As horas em  qualquer espera...

E assim, se fixa no porta retrato,
As historias do passado.
Voltamos a mirar o instante,
Como se estivesse presente, o passado...

Quantas recordações,
Congeladas no tempo,
Vindo em forma de lembranças,
A resgatar eternizados momentos...

Feliz o retratista,
Que tem o dom perdurar
As alegrias vividas,
Para um dia recordar...

Assim nossos momentos,
Não se perderão no tempo,
Como se fosse ele,
O algoz de nosso esquecimento.

Albertina Chraim

116. EMBORA MENINA


Hoje estou a pensar
Nos instantes que se aproximam
Das horas que parecem minutos
A vagar pela eternidade
Como quem a debochar
De minha futura saudade...

Ontem ainda era dia
Quando pari a menina
De olhos esbugalhados
Feinha como corujinha...

Hoje bela mulher
De olhos amendoados
Vestida de branco alvo,
Transformando em esposo
Seu namorado...

Que engraçado esse momento
De alegria e solidão
Por ter a certeza que
Que se ele se vai,
Novos se aproximarão...

Vai filha siga tua sina
De esposa muito embora menina,
A estruturar uma nova família
Dando vida a uma nova linhagem...

Nos moldes da cumplicidade
Sei que mais um ciclo se completa
E outros se abrirão
Zelando por essa união...

Se o momento é de festa, alegria e comemoração
Por outro lado parabenizamos por tua escolha
Nesta união.

Albertina Chraim

quarta-feira, 14 de março de 2012

115. POESIA


Suspiras em forma de palavras
Remedando minha alma
Nessa jornada,
Travestida de prosas...

Encantada de respiração,
Excretas por entre os poros
A cria parida do corpo,
Açoitando meu ego
Delatando meus segredos
Em forma de poemas...

Como mulher sorrateira
Revelas-me ao Outro
Aquilo que eu julgo escondido.
Nas sutilezas de tantos versos...

As vezes doces,
As vezes salgados,
Deixas o sabor agridoce...

Vens em forma de arte,
Tramando tantas obras
Em meus versos poemas,
Chamando-me de tua poetisa!

Albertina Chraim

terça-feira, 13 de março de 2012

114. O PERFUME


Ela me chegou assim meio sorrateira,
Falando de seu passado
E que gostava de perfumes...

Exalava pelos poros a essência de tantas flores
Trazia em sua bagagem
Um almíscar selvagem...

Inebriando meus pensamentos
Refletidos de desejos...

Foi se chegando de mansinho
Amansando minha alma
Contou-me tantas historias
Recheadas de saudades...

Mas um dia foi-se embora
Com retirada a francesa...

Deixou os seus pertences
Espalhados em minha mesa...

Hoje fico a espreita
A olhar pela janela
Desejando que o vento com sua brisa
Venha devolver-me
O perfume que era só dela.

Albertina Chraim

domingo, 11 de março de 2012

113. ESCREVER


Escrever é expulsar da alma
Os pensamentos escondidos,
Enrustidos em nosso interior...

Vem rastejando,
Escalando nossa garganta,
Exalando por entre os poros,
Estufando nossos pulmões...

É a forma concreta
De cravar no papel
As fagulhas do pensamento...

Vem em forma
De poesia
Prosas ou versos
Limpando tantas historias
Que julgamos esquecidas.

Albertina Chraim

quarta-feira, 7 de março de 2012

112. MULHER


Pedaço de costela...
Costela!
Estrutura do corpo...
Corpo!
Habitat do sujeito...
Sujeito!
Anexo da alma...
Alma!
Fantasma da vida...
Vida!
Existência do homem
Homem!
Varão da mulher...
Mulher!
Dona, Fêmea, cara metade,
Esposa, senhora, companheira,
Mãe, proprietária, materna,
Histérica, nora, cunhada,
Namorada, irmã, ciumenta,
Cônjuge, madame, chefa, soberana,
Amiga, amante, empresaria,
Acompanhante, estudante, independente,
Submissa, autoritária...
Mil nomes te darão,
Mil flores plantarás,
Mil maneiras enfrentaras tua singularidade...
Não importa se vai ser santa,
Ou se da carne sobreviverás...
És nobre humana,
Mesmo com a beleza mais profana...
És para sempre mulher!
Carregas em tuas vestes,
A beleza do humano...
Por ser apenas quem tu és
Te tornas responsável
Por edificar a criação...

Albertina Chraim