domingo, 30 de março de 2014

260. (.), (...)



Definir-me,
Para começar-me do fim,
Ou quem sabe,
Terminar-me ainda, mesmo que em tenro começo...

Destruir-me,
Quem sabe para que, no meio dos escombros
Eu encontre algo que me reaproveite...

Mirar-me,
Com um novo olhar
Ainda com a ilusão
Que ao piscar meus olhos eu me reconheça...

Acentuar-me em uma curva
Quem sabe, numa reta sem chegada...

E numa vida acentuada
Encontrar-me no inicio do fim,
Ou quem sabe no fim da chegada.

Ao atar-me nestas quebradas,
Esbarro-me em meus movimentos
Impulsionados por minha alma...

Que no imediatismo de meus anseios
Estagna- me em tantos recomeços
Na busca de mim mesma...


Às vezes
Reticências.
Noutras vezes,  apenas final,
Numa ponte entre vírgulas,
Aonde somente a morte neste plano
É o terminal.




domingo, 23 de março de 2014

259. POEMAS



Palavras transbordantes
Do cálice da alma...

Quão rio em seu leito
Na busca do oceano
Esparrama sobre o papel
A essência do sujeito...

Rente as ribanceiras
A rolar pedra sobre pedra...

Vem arrastando os tocos
Do que resta da invernada...

Poemas!
Palavras traiçoeiras
Que escancaram as gavetas...

Que o homem por muito tempo
As manteve acorrentada...

Poemas!
Sufocadas na garganta
Que ao abrir-se para a escrita
Escorre no papel
Nas linhas do horizonte...


Albertina Chraim

sábado, 15 de março de 2014

258. O MEDO E A RAZÃO



O medo e a razão
Resolveram fazer uma acarearão...

Um falava de seus medos
O outro falava de suas razões...

O medo então afrontado
Se sentido um bicho papão...

Abriu suas janelas
Deixando entrar um pouco da razão...

A razão então soberba
Dona de todas as verdades...

Olhou pra a fragilidade do medo
Como se fosse ela,
A salvação da humanidade ...

E a razão, então assustada,
Não sabia se daria conta
De tanta insegurança...

Pois aprendeu a raciocinar
Apenas em cima do que 
Trazia-lhe segurança...

E o medo e a razão
De almas desarmadas,
Livres de anseios
E de decisões acertadas,
Seguiram aquela conversa...

Falaram sobre muitas coisas
De segredos, e sobre a própria vida,
Falaram das dores da alma
E das curas de tantas feridas...

Os dois agora amigos,
A tricotar sobre a vida,
Chegaram a conclusão...

Não há razão que desconheça seus medos
Nem há medos que desconheça suas razões..

A razão por sua vez, tentando refletir um pouco mais
Percebeu que por de trás sua exatidão
Há um anseio enrustido de perder a direção...

E o medo fechou-se em silêncio
Refletindo em suas razoes 
Que por de trás de seus anseios há o desejo de segurança...

Então o silencio se fez mudo
Entre o medo e a razão...

Passaram refletir
Qual a diferença entre o que é complexo e o que é complicado...

Com certeza esse tema,
Deu pano para outra reflexão.

Albertina Chraim

quarta-feira, 12 de março de 2014

257. AS CASAS



São  muitas  casas,
Nada engraçadas...

Nelas há tetos,
E  janelas  todas envidraçadas...

Tem   portas com tramelas
Mas,  também flores no jardim...

Nessas casas
Também  tem chão,
Tem sótão,
E escadas com corrimão.,.

Pode-se dormir na rede
Pois nessas casas tem muitas paredes...

Podemos fazer xixi
Pois  latrinas também ali...

São  casas feita por muitos segredos
Pois humanos moram ali...

A rua que  habitam
E a de número  impar
E cada um com sua  própria vida...

Ia esquecendo...

Cada casa,
Também tem seu próprio porão.

Albertina Chraim

256. A VIAGEM


E eles permaneceram mudos
Perdidos em seus pensamentos, 
Aprisionando o silencio no corpo
Sem qualquer direcionamento...

E o instante se fez,

Apenas com os movimentos
Em pensamentos ambos se olhavam
Mesmo perdidos no tempo...

E uma cortina de sons,
Quebra aquele momento,
Quando outro suspira,
Corrompendo aquele silencio...

E ambos acordaram,
Para iniciar a rotina
Foi quando desejam ao outro
Um singelo “bom dia”!

E eles ainda em silencio
Retardando suas respostas...

Aprisionadas naquelas histórias
Que teimam a resistir ao tempo.

Seguiram embebidos nos sonhos
De quem ainda acreditam
Nesta viagem...

Albertina Chraim

terça-feira, 11 de março de 2014

255. A PONTE



Estruturada na coluna do tempo
Mesmo com seus ferros corroídos
É majestoso monumento!

Passo ao seu lado tantas vezes,
Larga-me um belo sorriso
Como a que cortejar-me
Por ter me servido...

Vaidosa, pousa para tantas fotos
Iluminadas pelo por do sol
Desejando boas vindas
Mesmos com teu surrado vestido...

Em segredos, guarda histórias
De um povo agradecido.
Quem já pisou em suas estruturas
Jamais terá esquecido...

Embora doente,
Faz-nos voltar ao tempo
A resgatar as histórias
Registradas em forma de monumento...

E ela, altiva se faz
Unido a ilha ao continente
Que solitária é guardada
Na memória de tanta gente...

Em cima, as gaivotas
Paridas em suas hastes
Tão solitárias, quanto,
Decorando nossa paisagem...

Embaixo, as ondas,
Às vezes apenas marolas,
Impulsionam os barcos
Na vastidão do mar...

E ela, majestosa,
Aproximando tantos continentes,
Não cabe nesse momento
Pela omissão dos homens
Sua vida abortar...

Se, ferros estão corroídos
As estruturas inseguras,
É hora de rever os projetos...

Não podemos apagar os velhos
Por seus ossos estarem em ruína
Pois num tempo como hoje
É a o amor que determina...

Podemos seguir os exemplos
De tantas outras histórias...

De irmãs medievais
Espalhadas pelo mundo
Que pela conservação resistiram ao tempo
Como cartões postais...

Compondo as novas gerações,
Cabe apenas a cultura
De um povo a não confundir,
O desgaste do tempo,
Com o descarte em sepulturas...

Sua identidade depende de homens bons
A preservar este monumento.
Não é apenas um cartão postal
Para embelezar nossa terra,
Mas, a parte de toda uma história
Que este povo alimenta...

Não pode um patrimônio histórico
Ser tombado pela ignorância
E ser motivo de tantos conflitos
Envolvidos por ganância.

Suas torres já nem tão jovens,
Elevadas de blocos de coragem
Suas pistas de rolamento
Seus cabos de sustentação...

São estruturas necessárias
Para manter qualquer edificação...

E as irmãs medievais que resistem a qualquer tempo
Espalhadas pelo mundo
Podem nos servir de exemplo.

È possível resgatá-la
Sem sucumbir-se ao descaso
Como pórtico de nossa chegada
Este majestoso monumento.

Albertina Chraim

domingo, 9 de março de 2014

254. PALAVRAS JOGADAS AO VENTO


Corri atrás do vento
A catar as palavras mal ditas,
Que lancei em minha jornada...

Se, pudesse reencontrá-las
Hoje, uma a uma...

Quem sabe teria uma chance
De refletir por um instante...

Poderia reformulá-las  
Com sabor de arrependimento…

Por jogá-las ao vento
Perdida em pré  julgamentos…

E hoje então bem mais tarde
Refletindo sobre meus ditos...

Transformaria cada palavra
Em canções de entendimento...

Quem dera todas as palavras
Que lançamos ao vento
Não fosse de pré julgamento...

Assim um dia bem mais tarde
Não teria o arrependimento...

Pois as palavras quando mal ditas
Apertão  o peito da gente...

Ficam atreladas na alma
Mesmo quando jogadas ao vento.

Albertina Chraim

domingo, 2 de março de 2014

253. SOMBRA








Parte de mim que não existe,
Neste plano em que piso...

Mas. que surge de repente
Trazendo para a realidade
O que me resta de juízo...

Persegues-me lado a lado
Como fagulhas de mim mesma,
Contornando minha alma
Retratando minhas incertezas...

Em movimentos dilacerados
Pela luz da existência
Lanças meu corpo ao solo
Em forma de traçados,
Revelando minha inconsciência...

Tuas linhas nem tão retas,
Guardam meus segredos
Escondidos entre os traumas
As dores e os medos...

E ate o mais passivo dos homens
Ë lançado rente ao solo
Marcado como morto
Muito embora esteja vivo...

É meu lado obscuro
A desenhar minha alma 
Revelando-se em formas monstruosas
Aquilo que insisto manter escondido...

Irma bastarda de meu corpo
Que ereto se prende a vida
Enquanto ela a sombra,
Deita-se em minhas trilhas
Revelando os porões
Das historias de minha vida...

Enquanto  as memórias
Os restos busca esconder,
Vem à sombra deitar-se a minha frente
Jogando-me na cara que -
Se te apresentas plácido e descente
Ela vem revelar-te monstruosa
Feito brasa incandescente.

Albertina Chraim