quarta-feira, 31 de julho de 2013

222. REINVENTAR-SE


E ele voou alto,
Alcançando o infinito...

Perseguiu seus sonhos
Libertando-se dos juramentos,
Negando-se aos vôos rasantes...

Determinou seu destino,
Recriando a própria historia...

Voou bem mais alto
A escalar a dimensão...

Quebrou sua natureza
Revolto entre as barreiras...

Nem pelicanos, nem corujas,
Nem falcões ou albatrozes...

Voou em pensamentos
Afastando-se do bando...

Escalou os céus,
Na busca de sim mesmo...

Não encontrou limites
Nem temeu a estrada...

Voou varando as noites,
Enfrentando as madrugadas...

Compreendeu então,
A extensão de sua jornada,
Ao voar mais alto que o bando
Chegou bem perto do aqui e do agora...

E no sonho de liberdade
Foi além do próprio corpo...

Eis que ao olhar o horizonte
Desapegou-se de suas crenças
Reinventando-se de novo.

Albertina Chraim

segunda-feira, 29 de julho de 2013

221. O CONTORNO


Ainda ontem falávamos  
O que vem a ser o contorno,
Aquilo que fica em volta
Como se fosse um adorno...

Então passo agora,
A falar sobre o adorno,
Alegoria que dá vida
Dando insígnia ao contorno...

São as bordas de nosso espaço
Limitando o que há dentro da gente...

Não como forma acabada,
De podar o livre arbítrio,
Mas, como insígnia da busca
Dos próprios argumentos...

Não do quem vem do Outro,
Pois cada um tem suas escolhas
Mas, o que vem de si,
Dando silhueta à própria existência...

Como as bordas do seio
Que amamenta o filho
Vindo do contorno do ventre
Que deu guarida à vida.

Albertina Chraim

sexta-feira, 26 de julho de 2013

220.SEM COMEÇO E SEM FIM



Em minhas retas quase tortas
Deslizo meus escritos
Em forma de prosa...

Reversos de meus pensamentos
Quase sempre tão secretos,
Por meio das palavras
Encontro-os,  tão expostos...

Nas esquinas de minhas escritas
Deito-me sobre a vida
Descrevendo os sonhos
Como se fossem pipas coloridas
Deslizando no céu...

E a lua derretendo-se em mel
Desfila entre as estrelas na imensidão do céu,
Navegando em alto mar
Com um barquinho de papel...

E essas retas quase tortas
Descrevem parte de mim
Como se fosse o Eu,
Algo sem começo,
Algo sem fim...

Albertina Chraim



domingo, 21 de julho de 2013

219. CONVERSA DE BAR


O errado e o certo
Em conversas de bar...

Gastaram suas horas
A se apresentar...

O certo imponente,
A cravar suas idéias...

O errado irreverente
Tentando se justificar...

Foram horas
De trelas...

E o certo falava de Deus
Em que se espelhava...

O errado falava do Outro,
A se vangloriar...

Mal sabiam que diante,
Daquela longa conversa...

Estavam travando batalhas
Disfarçadas em idéias...

Seria tudo muito simples
Se não fosse o medo de pecar...

Estaria o certo profanando,
E o errado a se confessar...

E o dois protagonista,
Dessa conversa de bar
Saíram abraçados
Jogando a toalha...

O errado chegou a conclusão 
Que o certo também tem seus apreços...

E o certo percebeu 
Que o errado estava apenas do lado avesso...

Tudo dependeu
Do ângulo que um viu o outro,
Chegando a conclusão
Que ninguém é perfeito...

Não há certo que nunca erre,
Não há errado que nunca acerte...

E assim encerrou-se aquela conversa de bar,
Do que é certo ou errado
Sem poder se condenar...

Albertina

quinta-feira, 18 de julho de 2013

218. VESTES DE UTOPIA



E ela acreditou que poderia voar
Livrando-se de suas amarras...

Num gesto de liberdade
Bateria suas asas
Voando bem mais alto
E seus sonhos poderia  alcançar...

Mal sabia que a liberdade
Não nos pertencem
Pois ser livre requer o desejo
De não parar de caminhar...

Era  preciso desacordar-se
Sonhar perder-se  um dia
E  em noites de calmaria
Desalojar-se da  vida...

Chegou a fazer promessas
De que a felicidade  encontraria
Mal sabia ela
Que para ser  feliz
Há de se vestir de utopias.


 Albertina Chraim

segunda-feira, 15 de julho de 2013

217. AOS HOMENS DIGNOS E ADMIRÁVEIS


Hoje eu não ganharei flores,
Darei flores!
Hoje não ganharei abraços,
Darei abraços!
Hoje não serei homenageada,
Farei homenagens aos diversos homens desta vida!

Aos pais,
Aos irmãos,
Aos esposos,
Aos filhos,
Aos genros,
Aos amigos,
Aos amantes,
Aos companheiros
Aos namorados,

Há tantos tipos de homens que fica difícil descrevê-los...

Há homens maduros, ha os inseguros,
Há homens fieis, há os infiéis,
Há homens de iniciativas, há os acomodados,
Há homens discretos, há os abusados,
Há homens responsáveis, há os insensatos,
Há homens companheiros, há os desgarrados,
Há homens honestos, há os descompromissados,
Há homens educados, há os mal informados,
Há homens sedutores, há os descuidados,
Há homens românticos, há os desligados,
Há homens fortes, há os fracassados,
Há homens machistas, há os delicados,
Há homens acanhados, há os inesquecíveis,
Há homens apagados, há os que dão vida,
Há homens tímidos, há os mais audazes,
Há homens preguiçosos, há os vorazes,
Há homens meninos, há  os já cansados,



Para todos os  homens que se fazem dignos e admiráveis,
Deixo minha  singela homenagem,
Pois são tantas as formas de homens que seria impossível dizer que todos são iguais...



Albertina Chraim

quinta-feira, 11 de julho de 2013

216. CATADORA DE PALAVRAS



Catava palavras ao vento
Colando-as nas paginas em branco
Feito folhas de outono
Que soltas perdiam-se no tempo...

Colhia pensamentos
Como se fosse à vida em movimento
Que se fixa ao corpo
No eixo do firmamento...

Foram tantas as montagens
Que da vida seguiu-se
Escrevendo,
E cada escuta que fazia
Catava do outro a memória...

E assim passava seu tempo
A colher palavras perdidas
Fazendo graça com escutas
Que ao ouvido do Outro
Passavam-se despercebidas...

E a menina foi crescendo
A invetar suas montagens
Juntando palavras que ouvia
Quando desperdiçadas no tempo...

E nos recortes,
Daqueles jogos de falas,
Tropeçava nos cacos do Outro
Que caídos sobre a terra
Eram transformados em estorias...

Assim seguia
Revelando a vida em instantes
Registrados por palavras
Que o Outro distraído
Deixava escorregar  de sua alma.


Albertina Chraim

segunda-feira, 8 de julho de 2013

215. INDELÉVEL


Que nunca se apague,
Que nunca se corroa,
Que nunca me corrompas...

Que nunca se extinga,
Que nunca se destrua,
Que nunca me esqueças...

Que nunca se machuque,
Que nunca se desbote,
Que nunca me desfaças...

Que nunca termine,
Que nunca se canse,
Que nunca me esnobes...

Que nunca se acabe,
Que nunca se esmoreça,
Que nunca me destruas...

Que nunca padeça,
Que nunca se dilua,
Que nunca me silencie...

Pois, indelével é o amor.



Albertina Chraim