sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

247. REVENDO A VIDA



Quantas paredes erguidas
Sob a comunheira de tua casa…

Quantas molduras congelaram
Tuas vidas retratadas...

Quantas trilhas esquecidas
Nesta tua longa jornada...

Quantas palavras engolidas
Que mesmo em silencio foram profanadas...

Quantos suspiros sentidos
Vindo de um coração abandonado...

Quanto tempo perdido
Muitas vezes, para nada...

Quantos sorrisos enrustidos
Deram abrigo para a invernada...

Mas o tempo foi passando
E as horas transformadas...

E nos alicerces de tua casa
O amor se fez morada...

Nos porta retratos
As lembranças foram visitadas...

E as palavras jogadas ao vento
Foram recolhidas...

Os suspiros de lamentos
Fizeram-se juramento...

E nas trilhas que pisastes
Refizesses em pensamento...

E o tempo que juravas perdido
Fizeram-se testamento...

E o sorriso se fez presente
Dando sentido para seu firmamento.

Albertina Chraim



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

246. O ECO DE UM LOUCO


No oco de um toco
O louco se fez rouco...

Ali buliu seu eco
E nas ruas e rios
O riso se fez vida...

E as janelas daquelas ruas
Foram se abrindo
Debruçadas entre as soleiras
Das casas floridas...

Desfilando entre avenidas
Em liberdade assim mergulhava...

E sobre a correnteza
Daqueles rios
O eco do louco caminhava...

E de insano, nada tinha.
E o louco mesmo rouco
Gravou um coração
Naquele toco oco.
Retumbando em liberdade
Seu eco...


Albertina Chraim

sábado, 25 de janeiro de 2014

245. REBOBINO O TEMPO


...
Mora em mim uma saudade
De tudo que já passou...

Ë como se o tempo
Jogasse-me na cara
Que tudo entre nos acabou...

Mora em mim uma saudade
Daquelas que aperta o peito...

E como se tudo que esta ao redor
Recordasse-me teu jeito...

Tal qual partícula pequena
Estrutura deste universo...

Onde tudo gira em volta dela
Sem ela não há sonhos,
Nem amor confesso...

Mesmo juntado aos quatro elementos
A terra, a água, o fogo e o ar
Somente a saudade pode rebobinar o tempo
Fazendo-me sentir-te mais perto.


Albertina Chraim

244. HORIZONTE AMARELO

E o vento balançava as folhas
Que habitam aquela arvore...

Bailando para o horizonte
Naquele final de tarde...

E no rosto que a face continha
Um semblante de saudade...

Via-se um olhar perdido
Fitando aquele final de tarde...

E no bailado singelo
Do verde daquelas folhas...

Refletia-se os nuances
Do horizonte amarelo...


Albertina Chraim

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

243. FELICIDADE ETERNA




Perguntas-me se minha felicidade é eterna
Por me encontrares sempre sorrindo...

Não sei te precisar quanto tempo
Meu sorriso vem te invadindo...

Mas creio que não seja eterna,
Pois em alguns momentos,
Me pego dormindo,
Para que eu possa recarregar-me
E acordar outra vez,
Voltar-me para ti, sorrindo...

Se eterna é minha felicidade
E por que não tenho tristezas absolutas...

Não guardo magoas da vida
Nem transformo discórdias em lutas...

Sou sensata com meus medos
E assim penso que a vida
Merece o meu sorriso...

Pois ao sorrir acalanto o Outro
Esquecendo-me de meu umbigo.

Preservo as pequenas coisas
Como grandiosos tesouros...

Não tenho pressa com a vida
Nem vivo de mal agouro...

Quero sempre um pouco mais
Daquilo que acredito me pertencer e sou capaz..

Não tenho ostentação
Preservo a natureza e os animais...

Planto as arvores que  me darão sombras e frutos
E assim sigo a vida,  com a pureza da alma
Longe de ser Santa ou canonizada

Então a felicidade,
É algo muito relativo...

Ë como  se ao sorrir revigorasse
O gosto pela vida.


Albertina Chraim

sábado, 18 de janeiro de 2014

242. ATRAÇÃO


Que estranho esse sentimento
Quando ataca a emoção...

Faz o vidente ficar cego
E o lúcido perder a razão...

Não consegue distinguir o dia da noite
Nem o feio do bonito
O amor da paixão...

Se vingar ou morrer
Não importa a intenção...

Pode ter nascido  agora
Ou apenas ressurreição...

Se, castelos ou palafitas
Casebres ou mansões.

Até mesmo,
Os opostos se atraem
Fazendo-se em um,  dois corações...

E os poros se arrepiam
A garganta fica seca
E os olhos não enxergam
Em outra direção...

241. MODUS OPERANDIS


Há quem fale de Deus
Há quem fale para Deus
Há quem fale por Deus
Há quem fale com Deus
Há quem não fala de Deus...

Há quem faz arte
Há quem admira a arte
Há quem cria a arte,
Há quem avalia a arte
Há quem desdenha a arte

Há quem faz a musica
Há quem ouve a musica
Há quem vive da musica
Há que escreve a musica
Há quem esquece a musica...

Há quem procura um amor
Há quem perdeu um amor
Há quem chora um amor
Há quem esconda um amor
Há quem esnobe um amor...

Há quem acumula bens
Há quem procura um bem
Há quem ostenta o bem
Há quem descuida de um bem...

Há quem dá sentido a uma vida
Há quem se sente com vida
Há quem sente a vida
Há quem não vê sentido na vida
Há quem negligencie uma vida...

Há quem chora
Há quem faz chorar
Há quem engole o choro
Há quem não se importa com o choro...

Há quem abraça
Há quem se sente abraçado
Há quem abraça frouxo
Há quem abraça apertado...

Há quem da um sorriso
Há quem busca um sorriso
Há quem da gargalhadas
Há quem não sabe gargalhar...

Há quem sonhe dormindo
Há quem sonhe acordado
Há quem vive de sonhos
Há quem nunca tenha sonhado...

E o modus operandis
Que cada um se apega
É o que nos faz diferente
Ao assistir a própria vida
Passar pelas vidraças
De nossas janelas.

Albertina Chraim

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

240.CHÁO


Pisamos o chão
Bem onde tantas trilhas nos marcam...

Pavimentando nossas estradas
Com pegadas ao alcance de nossos corações...

Sentimos o vento forte, 
Abraçando as construções...

Edificadas em alicerces 
Revestidas de solidão...

São minutos rebocados,
Nos tijolos da ilusão...

Surgimos assim, 
Como grandes arranha-céus
Assentados em terrenos em erosão...

E do alto deste edifício,
Em eterna construção,
Avistamos os horizontes
Tão distantes da razão...

Em pequenos latifúndios
Arenosos movediços,
Nem rasos, nem profundos...

E quando em tremores a terra se move
Encontra-nos submissos, 
Nos braços da ilusão... 

E logo em seguida,
Vem a realidade, enciumada 
Roubando nossos devaneios...

E no assoalhado piso frio 
Arranca-nos aqueles segundos...

Acordando-nos para a vida
Voltando nossos pés ao chão.

Albertina Chraim