domingo, 26 de fevereiro de 2012

111.QUAIS ULTIMAS PALAVRAS


Quais ultimas palavras
Proferistes de tua boca?

Se salivas foram doces
Ou de amarguras abrisses tua boca?

Em conversas com a vida
Qual o peso de tuas juras?

Se  acalantas tantos prantos
Ou se de pranto, serras meus acalantos?

Quais ultimas palavras versaram tua boca
De bem dizeres o futuro,
Ou condenastes à bancarrota?

Quais ultimas palavras soprasses em meus ouvidos
Se me deram vida a alma
Ou se tens alma eu duvido...

Albertina Chraim

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

110. O PESO DA PENA


O  peso da pena,  pode ser  maior
Que o valor das palavras que fixam os no papel,
Em forma de  sonhos,
Desejos,
Ou segredos ,
Que figuram muitas vezes em forma de
Versos,
Ou canções,
            Nas redações,
Ou nos textos que foram  escritos...

            Por que escrever,
Por que ler,
Para onde vão as historias que o autor  teima em  perpetuar no papel?
Como apropriar-se de um pensamento em forma de escrita?

De onde vem esse poder de invadir o espaço do Outro,
Soprar em seus ouvidos em forma de silêncio –
Que ressoam como gritos –
A sua voz de escritor?

Se é a escrita que faz do homem o proprietário de sua historia,
Por que é tão difícil para este mesmo homem  escrever?

Seria a dificuldade da escrita,
Ou quem sabe a da sua própria historia?

Parece ser a escrita,
A forma inconsciente de viajarmos por  nossa razão,
Quando muito além das palavras e dos gestos
Significamos com símbolos nossas emoções...

Não podemos comparar a escrita
Com a forma da fotografia que
Fixa no  porta  retrato a imagem da alma humana...

Mas é a escrita, a senhora do poder de ler agora,
E  ler muitas vezes depois.
Ler sozinho,
Ou ler com alguém..
.
De uma forma,
Ou quem  sabe,
            De várias formas a dois...

A  escrita é o  inventário dos pensamentos,
Uma  forma de comunicação que perpetua ao longo dos anos,
Sofrendo  muito mais com a ação dos homens
Do que com a própria ação do tempo,

Albertina Chraim








109. OS TRAÇOS DO ESCRITOR


      
Os   traços do escritor surgem  na condição
 Nada silenciosa da forma como a grafia
Desliza na folha do papel a autoria de seu pensamento...

Linhas curvas,
Ora retilíneas,
Curtas ou alongadas,
Nos traços de um punho direcionador...

Na condição de sem medo,
 Rasteja   tal qual  lagarta atravessando o abismo da descoberta
 De uma nova terra...

Esse rastejar autoriza o pensamento
Antes preservado dos olhos do leitor...

A trilha do escrever perpassa muitas vezes a força da razão,
 Caminha nas entranhas da emoção,
 Vomita as palavras engolidas...

Se  o  traço  do escritor está concatenado
Com o desejo de que o Outro leia o que ele escreve,
Estão pode   estar  intimamente  ligado
           Aos sonhos de delatar  segredos da relação do homem ,
           Com sua historia   interior...

Mas, que segredos há nos primeiros traços do escritor
Que já na mais tenra idade se debruça no papel a escrever?

Nessa busca, entre riscos e rabiscos,
O homem sai do traço indefinido para o papel de escritor. ..

Escreve que escreve,
Aguça a imaginação,
Ao escrever,  compromete-se em redefinir-se a cada traço...

108. A VOZ DO ESCRITOR



Se  faz no tempo presente
No  tempo passado,
Ou no tempo futuro,
Mas, se faz!

Se faz na voz passiva
Se faz na voz ativa...

Se  faz do fracasso,
            Se  faz do sucesso
Na tentativa definida de inibir a mediocridade do medo..
.
Que seria da humanidade sem a obra  do escritor,
Tutor de várias linguagens que lapida nas palavras,
Formas de brincar com os sentimentos do leitor?

 Não podemos deixar que morra a audácia do escritor.,
O condenaríamos à própria sorte,
Perderíamos o significado da palavra sonhador – sonha-dor...

Escrever  não pode ser algo tão simples,
Pois envolve muito mais coisas do que pensamos...

Envolve autoria e a habilidade de um grande escultor,
            Que crava na pedra do tempo as histórias de um povo...

            Não há como desvendar o mistério que existe nas mãos de um escritor.
            É preciso fechar os olhos ,
            Viajar,.
            Resgatar o tempo,
            Vislumbrar um futuro promissor. ..

             É por meio da escrita que o homem entende
             Por onde andou seu antecessor – aquele cujas marcas
             Estão cravadas em sua pele...

            A escrita compõe o corpo,
            Dá autenticidade ao autor na busca de um saber –
            Ás vezes inconsciente.
Daí a responsabilidade de não calar já nos primeiros passos de um infant
A voz de um escritor.
              
             Albertina Chraim

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

107. LEITOR ESCRITOR


Na firmeza de cada traço
Ouso reescrever os enigmas que desvendaram
O segredo de minha vida...

Escrita e leitura
 Não podem estar afastadas
Da essência do meu Ser leitor...

É a escrita a lei capaz de libertar
Ou condenar a humanidade...

Assim, raia nas linhas do papel
 O primeiro marcos do escritor...

Começa num simples imitar,
Vai do rabisco até as garatujas
De quem sabe um dia, futuro escritor/leitor. .

Escrever é a sina de cada civilização
 Na ânsia de deixar marcas
Da historia de cada povo...

 Escritor-leitor transforma o hábito da leitura
 Em criação de sua escritura...

É impossível pensar no ato de escrever
 Sem a condição de ler,
Pensar,
Analisar,
 Refletir,
Sintetizar e autorizar-se a devanear
A prática das palavras no papel...

O hábito de ler revela o ‘desejo do Outro’,
De ouvir as palavras não ditas,
Os pensamentos ocultos e a interpretação
Das histórias não contadas...

Portanto, não basta a leitura escrita,
 É necessário haver a capacidade do escritor
Em despertar o desejo revelador
 Para que sua própria arte fixe na história. .

A arte de escrever contagia de forma contextualizada
O suavizar ou até mesmo o potencializar
Das questões que envolvem a vida...

Essa arte pode nascer da figura de um mestre
Capaz de dar vida ao Outro,
Despertando nele, o recordar dos sonhos
Que permanecem intocados
Nas artimanhas do inconsciente,
Até a sofrida decisão de desenhá-los em forma de escritas
 Numa folha papel –
Ou na tela aberta –
Os traços de sua existência...

O hábito de ler as palavras não ditas,
Os pensamentos ocultos
E as interpretações das histórias não contadas
Faz do escritor o criador
De sua própria obra.  

Albertina Chraim

106.QUAL O SENTIDO DA ESCRITA

  
O movimento da escrita
Crava na folha,
A escritura da alma do autor...

Escrever de um jeito,
E escrever de outro depois...

São formas de várias escritas
De vários Outros –,
Mas sempre do mesmo escritor...

Mas, que coisa instigante,
Escrever sobre o escritor!?...

Os  povos primitivos  muito cedo já sabiam
Que a fala ou os gestos do homem...
Não consagraria nenhum autor...

Ao perceber, a fragilidade da memória
O homem assumiu a necessidade
De  registrar suas idéias...
.
Abrangendo a imaginação que anda vinculada ao pensamento,
Atrelando-se as aspirações singulares de sua existência...

 Os  registros do homem, firma a historia da humanidade
Aflorando o desejo de voltar aos tempos remotos...

Dá ao homem o direito de confrontar-se consigo mesmo,
Com se fosse por si só um Ser estranho...

A escrita ata o homem à  dimensão do tempo
Que, por outros meios talvez se perdesse no meio do caminho...

Por meio de seus traços gráficos,
Esculpe em folhas brancas do papel imaculado,  
A escultura de sua própria alma....

Revela o passado,
Consagra o presente
Vislumbra o futuro...

E entre passado,
Presente
E futuro,
A escrita  do Ser escritor
Registra nas páginas da vida o muito de sua historia...

Quem sabe seja esse o sentido final da palavra
Escrita,
Cravar na tabula da vida
Um pouco de nossas memórias –
 Memórias essas de que talvez nem tenhamos lembranças.
 Memória essa que se alonga a cada passo vivido,
 Registrando as alegrias e as dores.

Albertina Chraim

105.O ESCREVER


Surge daquilo que experimento
Ao longo dos anos em que vivo...

Hiberno-me em meus confinamentos internos,
Ao rebelar-me,
Descubro que nem sempre, criar é prazer...

Mexo dali,
Mexo daqui...

E ouso experimentar por meio da escrita
Àquilo que não ousaria escutar...

Ao escrever,
 Meus barulhos internos soam como moinhos de vento...

 Em cada rajada,
 Tudo muda de lugar...

 Mas em que lugar fica minha criação
Quando permite-me escutar meus próprios barulhos?

Esses barulhos,
Surge tais  quais os velhos conceitos
Que me atrelam à alma,
Tão intimamente conhecida...

Como companheiros aprisionados,
Carrego no peito o desejo e a liberdade de escrever...

É essa escuta que, revela a autoria do meu Ser escritor.

Cadê a criatividade
Do sujeito que se inibe
Diante do medo de sua própria escuta?

Escrever,
Talvez seja o poder de sonhar...

Deixar marcas,
Fantasiar a realidade,
Às vezes nem tão clara...

 O que seria a escrita,
Senão o atrevimento do medo
De lançarem-se com coragem  e petulâncias,
Vestindo de insolência meus valores tão temidos?

Ao abraçar a escrita,
 Meu Ser autor se confronta com o medo da escuta do Ser escritor...

Se ganho o medo,
Perco a coragem e
Comprometo-me com o Ser leitor.

Escrever,
Talvez seja essa arte destruída pelo próprio autor
 Que, entre riscos e rabiscos altera seu teor...

Mas de que destruição se fala,
Senão a destruição da criatividade,
Quando se perde a originalidade dos traços
Diante das conclusões de cada leitor?

Se, ouso escutar,
Temo o novo,
Se nego a escuta fico no mesmo lugar...

Não é tão simples o enfrentamento do escutar
Já que exige mover-se,
Porém, do mesmo lugar.

Albertina Chraim 

104. AUDÁCIA DO ESCRITOR


Busco no dicionário
As diversas definições
Para a palavra audácia...

Encontro-me com a definição do latim,
Sf.(lat. aldeia):
 “impulso da alma para atos difíceis ou perigosos...

Arrojo,
Atrevimento,
Denodo,
Ousadia,
Valor,
Insolência,
Petulância “...

Nenhuma dessas definições
Expressa o real significado
Do ruído da sonoridade
Que essa palavra me causa...

Esta sensação entra em confronto
Com o meu autoconhecimento...

Tal qual soldado em campo de batalha
Que dispara entre a destruição
E a reconstrução de minhas idéias,
Ao transformar em calmaria
Ou tempestades meus mais íntimos sentimentos...

 É essa sonoridade que adentra  
As profundezas de meus desejos,
Antes tão velados...

É com essa ‘audácia de escritor’
Que sinto despertar aos mais tímidos
A inveja.
.
Aos mais sensíveis,
 A comoção...

Aos mais fortes,
Talvez a ameaça...

Aos mais introspectivos
A expressão forjada de um medo
 Capaz de consagrar ao autor –
A sua obra...

Ao sair do anonimato me visto da coragem
 E assumo minha autoria...

 Audácia, talvez seja a expressão
De quem se arrisca a vingar-se numa folha em branco
As pegadas desses pensamentos
Até então, tão imaculados...

Pensamentos tão claros,
Ao mesmo tempo tão confusos,
Capazes de causar turbulências
Diante da escuta do Outro...

Clareza do que se fala em forma de escrita
E turbulência diante da autoria da própria escrita,
Reflexão para o leitor...

A audácia revela a engrenagem do escrever,
Já que escrever representa a ação da expressão de meus pensamentos...

Já não se faz tão simples falar da clareza do escrever,
Da confusão de esclarecer...

Aquilo que movimenta,
Interpela internamente,
Desacomoda-me...

Tira-me da tão velha conhecida zona de conforto...

E, assim,
Entre palcos e cenários imaginários
Lanço-me ao novo prazer de criar.
Albertina Chraim

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

103. A ESCRITA


A escrita,
Trás as marcas do passado
Para o presente,
Delimitando o futuro do homem...

Independe dos avanços tecnológicos
E  da contemporaneidade...

É ela,
A responsável pelo confrontamento
Das espécies, como se fossemos todos
Estranhos  no mesmo universo...

Traz em suas marcas o mistério
Que nos remete á  busca  do sentido
De nossa existência,
Como forma instigante de autoconhecimento –
Na busca do próprio saber...

Das espécies,
É  o homem, a mais frágil...

Capaz de destruir em segundos,
Tudo  aquilo que levou anos para construir...

Mas também é o único que atreveu-se
Por meio da audácia,
Revelar os impulsos
De seu Ser escritor...

Talvez seja essa a audácia
Que traz nas letras,
O pensamento de todo sonhador...

Um sonho não vivido
Traz delírios alucinantes...

Contamina o âmago,
Inebria a alma,
Machuca a carne e
Fere nossas expressões...
.
Então, não podemos permitir
Que se cale um escritor...

Escritor esse, que desde menino
Traz em seu peito o bordão de
Sonhador.

Albertina Chraim

domingo, 12 de fevereiro de 2012

102. ESCOLHAS


Todas as escolhas são abandonos,
Abdicados pela razão ...

Se decido ficar aqui
Abandono seguir por lá...

Se tomo por conduta seguir,
Não sentirei o sabor do ficar...

Se caminho nesta direção,
Abandonarei tantos outros caminhos...

Se por bem resolvi calar,
Foi por que engoli minhas falas,
Para te poupar...

Se escolho abrir a guarda
Desisto de condenar...

Não é simples decidir
Diante de tantas escolhas
Pois ao decidir um rumo
Seguirei um único lugar...

Deixarei para trás
Tantas outras opções...

Pela urgente necessidade 
De tomar uma direção...

Se é por aqui que vai pra La.
Se for com esse que devo ficar...
Se  é assim que deve ser...

Ninguém saberá escolher
Sem antes aprender a
Abandonar.

Albertina Chraim

101. NA MENINA DE TEUS OLHOS



A MENINA DE TEUS OLHOS

Na menina de teus olhos,
Miro minha alma...

A convidar-me a balhar
Pelos palcos desta vida...

No compasso de nossa dança
De corações enamorados...

Tecemos nossa história
De dois apaixonados...

E tuas palavras, sussurradas em meus ouvidos
Despertam minhas sensações mais escondidas...

Revelo-me em cada gesto
De querer-te sempre mais...

A unir minha alma a tua
Desejar-te cada vez mais...

Se dizes que me amas
Me pego a acreditar...

Que tuas juras são eternas
Jamais  profanarás...

Albertina Chraim

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

100. VAZIO




Espaço perfeito
No vão de meu leito...
Encobrindo com seu manto
Tantos defeitos...

Espaço infinito
Do jeito que ecoa
Meio ao silencio
Os sons de meus gritos...

Espaço vago
Onde se propaga o nada
Na solidão de minhas madrugadas...
Espaço intenso
Espectador contumaz
Atraca na garganta
A falta que você me faz...


Espaço pequeno
Expondo nas entranhas
No breu deste vão
As vísceras da solidão...
Espaço sereno
Marcando o abandono
De incertas renuncias...
Vazio!

Albertina Chraim


domingo, 5 de fevereiro de 2012

99. UMA CARTA DE AMOR


Meu grande amor,
Hoje acordei cedo,
E me vi a pensar
No que seria o amor? 

Cada chão que pisava
Firmavam minhas lembranças,
Dos momentos em que estamos juntos
Abraçados feito criança...

Com a inocência a nos querer
Sem qualquer cobrança...

Volto a recordar,
Já dos momentos picantes, 
Das palavras que nos deixam
Tão ofegantes...

Tuas caricias em minha boca  
De teu olhar desprovido,
De teu jeito atrevido a me toca a todo instante...

Sinto a saudade, 
Suave de desejos, forjando em minha boca
O sabor de teu beijo...

Me pego no ar,
A sentir o teu perfume
De macho a se acasalar
Deixando toda a selva com ciúmes...

Como é doce teu encanto ao me abraçar
Fazendo de teu corpo o meu manto
Quando estamos a nos amar...

Então me pego a escrever logo ao acordar
Por ao despertar perceber
Que é muito bom te amar...

Então escrevo essa missiva
Para deixar registrado
O quanto você é importante em minha vida...

Talvez não seja tarde
Para esta carta chegar
Se o mensageiro perceber
Minha urgência em te falar

Eu te amo.

Albertina Chraim

98.BUSCO TEU OLHAR


Nas linhas do horizonte,
Fitando o belo mar,
Vi barco veleiro a deslizar por sobre as ondas,
Com suas velas inçadas,
Seguindo as brumas do vento...

Ao fitar o manto azul,
Do céu de brigadeiro,
Avistei belos pássaros
A bater suas asas muito alem dos montes,
E se perderem na imensidão...

Ao pisar em terra firme,
Na retidão das estradas,
Vi um andarilho a caminhar,
Em sua longa jornada...

Voltei-me para minha vida,
A pensar na liberdade,
Daquele barco veleiro na imensidão do oceano,
A  desvendar o mistério do mar...

E no céu de brigadeiros,
Vendo os pássaros a voar,
Imaginei-me como quem busca sentido,
Para uma nova historia,
Recomeçar...

E entre tantos espaços,
Entorno de minhas asas,
Nas batidas de meu coração,
Senti a força do vento a me lançar na solidão...

Descubro que nas estradas dessa vida,
Em cada passo que firmei
Deixei partes de meu coração...

Se um dia fui  andarilha,
Nas terras em que visitei,
Lançando as sementes que um dia germinei...

Noutro dia senti o cheiro do mar
Que altivo me convidava a ser seu pescador,
A jogar minhas redes nas profundezas do mar...

Mas agora,
Na superfície de minha vida
Aqui estou...

A escrever parte de minha historia
Jogando no céu de brigadeiro, as palavras
Como forma de me perpetuar...

Se algumas vezes fui barco,
Nos mares a navegar,
Outras me sentiu pássaro,
Batendo asas para voar...

Mas ao cair na realidade,
Pisando firme aqui em terra
Para meu corpo descansar...

Desloco-me em pensamentos,
Viajando em poucos segundos
Só para buscar o teu olhar.

Albertina Chraim