sábado, 31 de dezembro de 2011

72.FELIZ ANO NOVO


Agradeço!
Todos os momentos de glória
Dos instantes que regraram minha vida
Pondo-me a refletir sobre cada ato...

Se algumas vezes sai de cena
Foi  a peça que terminou
E na coxia da vida
Descansava o ator...

Agradeço!
Todas as falas dos minutos de silencio
Ao  refletir  sobre  tuas palavras...

Se algumas vezes me calei
Foi para poupar-te os ouvidos,
Pois nos microfones da vida
Refletia o locutor...

Agradeço!
Todas as vezes que te disse não
Pois cada vez que me negava livrava-te
Da solidão...

Se algumas vezes  te perdoei
Foi para te libertar da condenação
Pois ao condenar-te me sentia
Refém da mesma prisão...

Agradeço!
A  cada instante
Que passamos juntos, mesmo sem união
Pois se me uno ainda a ti
É por querer-te próximo ao coração...

Se algumas vezes me afastei
Foi para mirar-te em várias direções
Pois cada vez que me afasto
Desperto em ti a saudade...

Então, meio sorrateiro
Toda vez que te sentes só
Buscas a aproximação...

Agradeço!
De varias formas
Este ano que passou...

Em todos os gestos que encenavas,
Despertavas em mim a ilusão
De que ser feliz vale apena,
Mesmo que algumas vezes a felicidade,
Ande na contra mão...

Se em alguns roteiros tive graça
Em outros te fiz chorar como espectador
E assim, seguimos em frente,
Pelos palcos da vida...

Vamos brindar o novo ano
Jogando fora todas as mágoas
Superando tudo o que passou...

Pois tudo vai continuar como era antes,
O que muda nos bastidores da vida,
É  o desempenho de cada ator.

FELIZ ANO NOVO

Albertina Chraim




sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

71. NOBRE SENHORA


Parei para pensar quem sou,
Numa esquina que eu nem sabia que existia.
Olhei na direção do sol,
Encontrei-me como leiga,
A indagar á Sabedoria...

Quem sou eu nobre senhora,
Que peregrino por esses anos de tantas heresias?

Nobre senhora logo respondeu...

Nesta vida erma,
Tens consciência e supremacia
Teu caráter é intrínseco,
És feita de realidade,
Mas também de muitas fantasias...
 
Quando cálida,
Irradias amor por onde passas
Mas irada, 
És capaz de despertar em teu silencio
O mais feroz dos animais...

Quando amante,
Entregas-te aos doces prazeres.
Mas se desprezada,
Mergulharas nas profundezas
Das cavernas do humano...

Representas a generosidade,
Quando adoçada tua boca,
Mas se de amarguras te servem,
Tornas-te maldosa abrindo a porta do inferno...

Confias em teus próprios recursos
Pela plenitude de teus anseios
Em crer que da matéria se faz teu corpo
Mas é o espírito que contempla tua essência...

Tens o fogo, a terra, o sol e o ar
Como elementos nesta vida a te guiar...
Quando pisas em terra,
O fogo desafia teu destino
Mas é o  sol que  vai iluminar,
Quando te falta a respiração
Tens  ar a te ressuscitar...

À medida que tua alma cresce
Tornas-te mais audaz...

Em total escuta dessa nobre senhora
A desvendar minha alma
Descrevendo partes de mim
A  vi sumir por entre as nuvens
Com  um doce sorrido a se despedir...

Albertina Chraim

70.SEM PEDIR LICENÇA



Amoleces minha alma
Aproximas de minha vida
Como quem chega antes da hora
Sem anunciar a partida...

Brincas com meus sentimentos
Vasculhas meus segredos
Deslizas por minha vida
Pisando em minhas trilhas...

Bagunças minhas horas
Causando-me a insônia
A passar noites a fio
Embriagando-me de teu perfume...

Sinto-me em teus braços
A recordar as tuas mãos
Acalantando em noites frias
Nossos momentos de paixão... 

Eu te amo mesmo sem forças
De lutar por esse amor,
Por acreditar em tuas juras
Esqueci o que é ilusão...

Beijas-te meu coração
Como quem beija uma criança
A iludir-me com o amor eterno...

Em sonhos te encontro
Iludida a acreditar,
Que não é minha, essa ferida...

Afastasses de minha vida
Como quem é um vilão
Ao roubar a minha paz
Aniquilasses meu coração...

Tal qual aquele dia
Que entrasses em minha vida
Mesmo sem pedir licença...

Hoje fostes embora
Fazendo-me abandonada,
Privaste-me deste sonho
De viver o amor eterno...

Agora fico na janela
A esperar o teu regresso...

Albertina Chraim

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

69.PSIQUISMO FETAL

Que barulho esquisito,
Nove meses sem parar,
Num lugar apertadinho,
Todo molhado e sozinho,
Em emersão um liquido fertilizante...

E os sons que vem de fora
São conversas sufocadas...

Não é contralto,
Barítono ou  tenor,
É soprano!
Que vai cantar em seu ouvido
O  sentido do amor...

Envolto num saco transparente
Ligado a um umbigo
Começa assim a história
De um sujeito atrevido...

Se, batidas são compassadas
E a voz é de açúcar
Os estímulos positivos
Vão  trazer ao mundo
Um ser tranqüilo...

E assim muito cedo, já se faz filho
A entender a sua mãe...

Se rejeitado esse sujeito,  
Mesmo antes de nascer
Vai chegar a esse mundo
Já sabendo  o que é sofrer...

Vai querer  se isolar
Vai fugir no mundo real
Vai criar  ilusões de que ser feliz,
Não  é normal...

Ao perceber  as sensações
Do mundo aqui fora
Vai forma suas emoções,
Ao registrar sua memória...

Ó  que séria responsabilidade
De lançar-se assim no horizonte
Um sujeito que precisa 
Ser amado e ser seguro...

Vai do feto,
Ao homem velho
Do inocente, 
Ao ser profundo
É no ventre da vida
Que esta escrito o destino do mundo.
Albertina Chraim

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

68.ERA UMA VEZ UM POEMA



Partindo para o futuro
Deparei-me com saudades,
Do tempo em que me via 
Vestida, sem maldade...

Voltando para o passado
Deparei-me com o futuro
A me cobrar coisas, que nem eu mesma
Sabia ser possível,
Sabia ser seguro...

Aportando no presente,
A me dar tapas na cara
Com a realidade nua e crua
Do que  é o aqui,,
Do que é o agora...

Entendo, que qualquer de repente
Crava na memória as varias historias
Que edificam a cada tempo
A vida da gente...

Se o passado foi o ontem,
O presente é o agora,
O futuro será talvez o amanha...

Esses três elementos

São fragmentos da vida
Que como gavetas
Organizam nossas historias
Para que não as percamos no tempo.

Albertina Chraim

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

67.QUANTAS PALAVRAS

Quantas  palavras joguei
Para fora da alma... 

Quantas  palavras proferi
Sem poupar teus   ouvidos...

Quantas palavras ouvidas   
Sem  que te importasses
Com minha escuta...

Quantas palavras ditas
Que não puderam mais ser engolidas...

Quantas palavras salvaram o momento
Quando tudo parecia sem sentido...

Quantas palavras riscadas
Cravadas na folha do papel
Foram meu próprio julgo...

Quantas palavras me  libertaram...
Quantas delas me condenaram...

Com quantas palavras  libertei,
Com quantas palavras te condenei...

Quantas palavras  tecladas  
Expuseram  minha essência...

Quantas palavras, omitidas,
Denunciaram meus pensamentos...

Quantas palavras  revelaram teus segredos
Quantas palavras velaram meus medos...

Palavras ouvidas,
Palavras escritas,
Palavras faladas,
Palavras apenas sentidas...

Qual a relevância de tantas palavras
Na engrenagem de nossas vidas?

Albertina Chraim

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

66 - PALAVRAS



Palavras doces,
Palavras amargas...
Palavras pesadas.
Palavras leves...
Palavras cruzadas.
Palavra final...
Palavras profanas
Palavras sagradas...
Palavras de conforto
Palavras ferinas...
Palavras ao vento
Palavras profundas...
Palavras!
Sólo palabras
Porque cuando hablo
Hablo parte de mi.

Albertina Chraim

sábado, 17 de dezembro de 2011

65. ME FARTO


Me farto das palavras
Fragmentando minha vida...

Cubro-me de escuta do silêncio
Do que escrevo...

Releio cada frase
Com a ânsia de um algoz...

Abro os sentidos
Para dar sentido á leitura...

Das fagulhas em forma de palavras
Ouço os gemidos da alma
 A implorar a escuta...

Morro a cada vírgula
E ressuscito ao inebriar-me
Do cheiro impávido que
Os sentimentos me exalam...

Noites afora,
Reviro cada página,
Trago à tona a essência de cada escrito.
Palavras jogadas para fora da alma
Vestem de corpo o espírito...

Ondas fragmentadas
De pensamentos perdidos
Enrolam minha fala...

Ao decifrar o sentido destes escritos
Me pego a questionar
Para que serve tudo isso?

Albertina Chraim
            

64. LACUNAS DE MINHA HISTÓRIA


Entre versos, poemas e textos,
Não sei precisar o que escrevo,
Falha-me a memória...

Faço textos, que soam poesias,
Minhas poesias parecem textos.  
Se escrevo algo sério,
Parece cômico,
Se escrevo algo cômico
Soa sério...

Crio cenários cujos personagens 
Encenam a vida,  
Mesmo que em cada ato
Lembrem a partida...

Revelo-me em palavras,
E me assusto com o que leio...

Na lida com a escrita me emaranho 
Nas letras de minhas memórias...
Mas o que significa memória?

Talvez escrever,
Seja, sei lá o que!
Não consigo lembrar.
Parece que me faltam laudas 
De minha história...

Então acordo no breu da madrugada 
Para escrever com jogos de palavras
As lacunas de minha história.

Albertina Chraim

sábado, 10 de dezembro de 2011

63.ESPECIAL SER

Inclua-me em tua vida
Para nosso crescimento interior,
Pois também quero guardar na lembrança,
Teu carinho de professor...

Não me marginalize da sociedade
Obrigando-me ao confinamento,
Distanciando-me já nas primeiras aulas
As possíveis oportunidades...

Já basta meu destino
Que aos olhos do outro só lamento,
Por  me avaliarem  pelo que não sei fazer
Me condenando ao isolamento...

Não sou diferente por ser especial,
Sou especial por ser diferente
Pois incluir também  é cosia séria
É cadeira da educação...

Se o ensino é regular
É  obrigatória a união,
Então direciona- me  as oportunidades
Pertinente a qualquer cidadão...

Vamos  efetivar a  inclusão
Valorizando as diferenças,
Não importa em qual situação,
Isolar-me da sociedade
É  ser conivente com a segregação...

Diga não ao clientelismo
Do desejo do perfeito,
Também  somos feitos de intelectos
Corpo físico e emoção...

Agora que já sou aceito
Ajude-me na integração,
Temos formas diferentes
De estruturar a razão...

Se meu corpo não lhe parece inteiro
Nem meu pensamento é coeso
Não meu julgues por não pertencer
Ao teu mundo da perfeição...

Pois mais imperfeito que te pareço ser
Tenho todas as necessidades
Como qualquer cidadão.
Necessito ser aceito
Do jeito que consigo ser,
Quero apenas poder  ser digno
De tua  compreensão...
Não te assuste  se alucino
Ou se  louco te pareço
Pois  a  maior loucura do mundo
É uma vida de exclusão...

Já bastam  minhas  dificuldades
De compreender o mundo real
Não me limite ainda mais
Ao isolamento total...

Se te parece difícil
Compreender minhas limitações
Mais difícil ainda é para mim
Conviver  com a exclusão...

Não te assustes ao me ver
Pois nenhum mal te farei
Quero apenas teu afago
Ensinando-me a viver

Albertina Chraim

sábado, 3 de dezembro de 2011

62.A COISA MAIS IMPORTANTE


Paro para pensar
Qual coisa nessa vida me é mais importante
Desço os porões de minha memória
Vasculho cada canto
E retorno minha infância...

Por instante escuto as algazarras
Das brincadeiras de criança
Das corridas em volta da mesa
E das bagunças quando dos doces
Fazíamos as lambanças...

Mas a frente chega à adolescência
Do primeiro amor ainda de criança
Das juras de amor eterno
E das poesias que deitavam em meus cadernos...

Um pouco já mais a frente
Descobri-me apaixonada
Ao negligenciar-me de mi mesma
Por sentir minha alma amarrada
No olhar de um pretendente...

E o tempo que foi rodando
Levou-me para a maternidade
A gerar dois seguimentos
Em forma de filhos serenos...

Ao voltar de tal viagem
Em forma de pensamento,
Já não sei mais responder
O que nessa vida me é mais importante...

Se a vida que vivi ainda criança,
Se as auguras da juventude
Ou ao exercer a maternidade
Ou quem sabe o simples fato
De ter vivido cada instante...

Paro-me ainda pensante
Para que tal questionamento
Pois a coisa mais importante
Alem das que foram vividas
É o que vai vir logo adiante.

Albertina Chraim

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

61.ETERNO MÁRIO LAGO


Sem mar,
Sem rio,
Sem  lago,
É assim que fica a terra
Nos cem anos de Mario Lago...

Se, a Amélia é que era mulher de verdade
Aurora,  deveria ser mais sincera,
Gilda não pedia desculpas
Mas foi  Zeli quem
Amarrou   seu coração...

Pobres mortais gostam porque precisam
Mario precisava por que gostava...

A vida briga com o humano
Humano Lago fez um acordo com a coexistência...

Se, o tempo te persegue,
Mario Lago fazia as pazes com a vida...

Na calda do arco Iris,
Via em suas cores a esperança...

Mario Je ne regrette rien
Não lamentava a vida
Fazia tudo por paixão…

Foi sempre um expectador
Cortejando ao passar pela vida...

Cem anos de Mario Lago
Deixou a terra Arida...

Sem mar,
Sem rio
E sem lago.
Com terrenos áridos
Sem suas sábias palavras,
Que nos davam sentido á vida...

Não calava no peito nenhuma dor
Nem atirava a primeira pedra...

Tinha no romance a dor que provou,
Por acreditar na saudade,
Escrevia com varias tintas o verbo amar...

Tinha sempre um querer,
Convicto de que nem o mundo
Entende nossa magoa, nossa dor...

Desenhando uma estrela
Imaginava-se no céu...

Cantou aos quatro cantos
Que se um amor se vai
Deixa contigo a saudade...

Entre seus mil amores,
Eu fui a numero um...

Nada além que uma ilusão,
Meu doce Mario Lago...

Albertina CHRAIM

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

60.DE ONDE VEM TANTAS PALAVRAS


Nem mesmo eu sei dizer,
É como se minha garganta
Só soubesse escrever.

De onde vêm tantas palavras
Nem eu mesma sei dizer
É como se meus pensamentos
Se expandisse ao escrever...

Minhas escritas
São palavras não ditas
Que residem em meu corpo
Como inquilino de meu Ser...

Da escrita  faço trovas
E nas trovas desnudo
Minha intimidade...
Exponho-me a maldade...

Se soubessem todos os homens
Que a escrita os liberta
Entenderiam melhor a loucura
Que aos lúcidos tanto atormenta...

Se de poeta e louco,
Todos nos temos um pouco
De escritor quase poeta
Todo homem revela em sua  escrita
As tramas de suas mazelas...

Albertina Chraim