quinta-feira, 19 de junho de 2014

268. HA COISAS


Há coisas que o silêncio nos diz,
Há coisas em que a fala nos cala...
Há coisas que a distância nos aproxima...
Há coisas em que o perto nos afasta...
Há coisas que o medo que nos encoraja...
Há coisas em que a coragem nos abala...
Há coisas que a certeza nos confunde...
Há coisas em que a dúvida nos distingue...
Há coisas que a zanga nos acalma..
Há coisas em que a passividade nos abala...
Albertina Chraim

domingo, 15 de junho de 2014

267. GENTILEZAS

Hoje ao iniciar o dia
Encontrei dona Maria...

E por não saber o que de mim queria
Dei-lhe apenas um simples bom dia...

Foi assim meio que sem jeito,,
Daqueles que não sai livre do peito...

Pois me parecia um dia frio
Gelado como a corredeira do rio...

Mas, dona Maria a ouvir minha voz
Não percebeu de mim a dureza...

Olhou-me em meus olhos
E agradeceu minha gentileza...

Então me voltei para aquela senhora.
E envergonhada por minha falta de jeito...
Dei-lhe uma aperto de mão 
Daqueles que aquece o peito...

Ela desejou-me sorte
E que Deus sempre me acompanhe...

Seguimos as duas,
Cada uma para seu lado...

Rumando nossos destinos
Com os corações acariciados

Senti então naquele momento
O valor de um Bom dia!

Albertina Chraim

266. HOJE


Especialmente hoje,
Encontrei-me com poetas...

Olhei em suas voltas
Cada um proprietário de suas poesias...

Umas falavam de Deus,
E outras revelavam nas entrelinhas,
Tantas fantasias...

As que falavam de Deus,
Veneravam o divino...

Mas, quem buscou a fantasia...
Perdeu-se no caminho...

Hoje,
Uma criança definia-me o amor,
Falando-me em boca pequena
...O amor é quando a gente bota as necessidades do outro acima das da gente...

Eu hoje,
Também vi poesias
Sepultadas em folhas,
Jogadas no relento...

Aqueles versos soprados,
Giravam na calçada
Como hélices de um cata vento...

De cada linha que se arrastava,
Caiam delas as palavras,
Que um dia se firmaram em estrofes...

E no tempo úmido e frio,
Impiedoso naqueles versos
Nem o vento os sucumbiu...

E as palavras que rolavam com o tempo,
Esparramavam-se por sobre a grama
Os traços do autor...

Que solitário,
Descuidou-se um dia,
De seus versos...

Então, nesse dia,
Mesmo em meio à ventania
Respirei a poesia...

Contrariando a força do vento,
Ouvindo dos poetas os lamentos,
Ou catando na voz pequena de uma criança
Ou juntando na grama verde
Aqueles versos.

E nesse dia,
Lá estava eu embebida.
Em poesias.

Albertina Chraim


265. SOBREVIVENCIA DO AMOR


O amor só existe
Se for construído,
Mesmo que muitas vezes
No outro dia tenha se destruído...

O amor é algo incoerente
Não tem forma, não tem corpo
Mas, como matéria,
Corre o risco de um dia amanhecer morto...

O amor não tem coluna
Não tem carne, não tem osso...
Mas quando fere a alma
Sentimos dores das pernas ao pescoço...

O amor é inconsistente
Não suporta muita dor,
Despressurizado
Desintegra-se no ar
Como se fosse voador...

Ele é algo assim,
Mesmo sem explicação
Ë capaz de nos revirar do avesso
Provocando confusões...

E preciso abandonar-se
Entregar-se ao Outro,
Desenvolver a escuta,
A tolerância e fazer doações...

Para o amor existir
É preciso ser construído...

Quem busca um amor pronto,
Corre o risco nunca o ter sentido...

Albertina Chraim




domingo, 1 de junho de 2014

264. QUERO-ME DE VOLTA


Devolva-me meus sonhos
Pra que com eles, eu volte a voar... 

Quero de volta minhas asas,
Para com elas, voltar a sonhar...

Quero minhas janelas abertas,
Para que eu volte a idealizar...

Quero minhas portas sem trancas,
Para que eu possa decidir, quando quero ir,
Ou quando resolvo ficar...

Não quero olhos para seguir-me,
Quero apenas para me guiar...

Não quero que me sufoque
Quero apenas um simples coração,
Para que eu queira voltar...

Quero a cada segundo,
A certeza de me reencontrar...

Quero-me de volta,
Como quem nunca,
Jamais, tenha conhecido outro lugar...

E em cada volta de mim,
Abraçar-me-ei comigo mesma...

Como se fosse um encontro,
Desses despretensiosos
Embalados de inocência.

Quero-me de volta!