domingo, 27 de janeiro de 2013

183. SANTA MARIA



Então o futuro não veio,
Por timidez saiu à francesa...

O presente se calou
Na voz da incerteza...

Ceifou tantos sonhos,
Ainda em tenra idade...

Se gritos eram de prantos,
Ecoaram no mundo o espanto...

Foram-se assim em segundos,
Como quem não sabe que partiu...

Deixando no lastro a saudade,
Nos portas retratos
Da jovens memórias...

Ao indagarmos as razões,
Não nos vem fácil a resposta...

Negligencia?
Descaso?
Infortúnio,
Ou omissão?

Mais uma tragédia tinge a historia,
Deixando perplexa a nação...

Neste momento de luto,
Somos todos irmãos...

Gaudérios,
Potiguar,
Cariocas...

Coxa branca,
Candangos,
Soteropolitanos,
Manezinhos...

Do iapoque ao Chui,
Não importa a direção...

Em solidariedade ao povo gaúcho,
Unimo-nos em oração.

Albertina Chraim

sábado, 26 de janeiro de 2013

182. OS DIAS



Um dia,
Outro dia,
Um novo dia,
Mais um dia...

No dia seguinte,
Releio meus próprios escritos,
Como se não fossem meus,
Os outros dias...

Escrevo todos os dias
Com a falta de pudor de quem
Não diferencia a noite do dia...

Ao reler cada um de meus versos,
Que escrevi um dia,
Desvendo em mim um novo leitor,
A cada dia.

Albertina Chraim

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

181. DEUSA DESNUDA





Chego a terra assim meio sem jeito
Como quem vem de passagem
Sem razão e sem defeito...

Abanco na infância
Sem saber o que é a vida
Vou correndo pelas campinas
Caçando as borboletas...

E um dia na juventude
Acreditando ser ela eterna
Vou brincando de heroína
Com a beleza feminina...

E quando já adulta
No vigor da vaidade
Faço as pazes com o tempo
Driblando a idade...

Me visto de  deusa
Muito embora ainda desnuda
Descrevendo historias sobre a vida...

Registrando em palavras
Sentimentos e memórias
Muitas vezes esquecidas...

E os rios que guardam as águas
Passando por varias pontes,
Contornam meu castelo
Nas linhas do horizonte...

As matas que cobrem as montanhas
Bordam minhas vestes,
Em forma de natureza...
Desta deusa,
Embora desnuda...


Albertina Chraim

180.DOR DA AUSÊNCIA



Fosses embora ainda ontem
Sem nos anunciar a partida…

Deixando em terra as lembranças
Dos anos de tua vida...

Ainda ontem eras moço,
Brincando de brindar a vida...

Com juras e promessas
Ensinando-nos que era o amor,
A razão da vida...

Vivendo todos esses anos
Com alegria e reflexão,
Estruturado pela superação...

Fosses cúmplice,
Construindo teu clã...

Quando tudo se complicava,
Davas tempo para a vida...

Foi assim tua historia,
E Iludidos achávamos que tudo seria eterno...

Jamais acreditamos que um dia,
Estarias tão distante
De nosso universo...

Mas o tempo não nos perdoou
Chegou de repente
Dando-nos uma rasteira...

Não se importou com nossa dor,
Levou pra longe você e sua historia...

Ficamos aqui com a saudade
Com a dor de tua ausência...

Relembrando teus ensinamentos,
Tua esperança, tua essência...

Segurando-nos uns aos outros
Com se estivéssemos apenas num sonho...

Você saiu!
Foi ate a esquina!
Não demora a chegar!
Acariciando-nos com tua presença,
Curando-nos desta saudade
Nos aliviando da dor de tua ausência.


Albertina Chraim

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

179. VISÃO


Não mais avisto em teus olhos
A menina que te encantou...

Com suas juras mais secretas
E as promessas de amor...

Não invisto em teus olhos
Na esperança de me reencontrar...

Pois, das vistas de teus olhos
Nossa visão não tem olhar...

E as meninas de meus olhos,
Debruçadas nas janelas de tua alma
Que me fitam o olhar...

Avistam teus olhos,
Na visão de teu olhar,
Levando-te para tão longe
Que minhas vistas não poderão  te  alcançar...

Albertina Chraim

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

178. ALGO ARBITRÁRIO



Quando verso sobre a palavra felicidade
O sabor e de ninguém...

Por não  poder mensurar
O significado que ela tem...

Se para uns basta um botão de rosas,
Para outros há de ter juramentos...

Há quem diga,
Que ela depende de milhões...

Mas sabemos quem em alguns lugares
Bastaria um quinhão...

Há quem a encontre num livro,
Mas há quem a procure num jardim...

Há quem a busque no silêncio,
Há quem a encontre na multidão...

Esse sentimento é mesmo assim,
Algo arbitrário...

Se para alguns o pouco parece muito,
Para tantos o muito pode parecer pouco...

Beijando as palavras,
Que se aproximam de meus lábios,
Vou versando pela vida
Revelando meus traçados...

Se,  para alguns a natureza é morta,
Para outros a beleza é o que importa...

Senti-la é algo realmente imensurável
Depende muito mais do que se quer,
Do que aquilo que acreditamos ter alcançado...

Não busques a felicidade
Como se ela fosse algo a ser encontrado...

Pois ela não  é como um tesouro
Que precisa ser garimpado...

Se esperas depender de alguém
Presentear-te com a tal felicidade,
Podes correr o risco de viver triste
Sozinho e abandonado...

Pois a felicidades é um  simples estado de espírito
Que nos ensina a sublimar
Nossos desagrados...

Albertina Chraim




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

177.FÊMEA DESUMANA


Que Misteriosa essa mulher
Que do corpo nem precisa…

Transforma a beleza mais eterna
Em algo banal, sem vida…

Que misteriosa, feminina
Que nem identifica…

Quem foi pobre,
Quem foi rico…

Quem chegou,
Ou quem está de partida…

Até a tal identidade,
Que em vida tem seu apego,
É jogada por terra as digitais,
Perdendo sua importância... 

Não poupa o homem,
Que em vida fez heranças…

Nem tão pouco reconhece
O individuo sem abastança...

Essa fêmea,
Desumana,
Que nunca teve dó…

Desvaloriza tudo que é ouro
Transformando a vida
Em pó…

Divindade das trevas
Em forma de esqueleto
Chega armada de foice
E a todos deixa medo…

Para aonde leva a alma
De forma tão rapina,
E muitas vezes súbita
Ligeira repentina?


Albertina Chraim

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

176. ENTRE VERSOS



Nas prosas do poeta
Escondem-se tantos mistérios
Disfarçados em rimas...

Entre as suas palavras  
E suas escritas...

Há um vão,
Preenchido de verdades
Recheados de ilusão...

Para o poeta,
Os escritos se verberam...

Para o leitor, o peso das palavras
Despertam  sentimentos
Por ele esquecido...

Se eu tivesse o dom das  palavras
Poderia revelar o que se oculta
Entre versos...

Mas, como não as tenho,
São elas, as palavras,
Que se apoderam de mim...

Vou seguindo pela vida
Escrevendo tantas prosas,
Sem poder desvendar
O mistério que há
Entre versos...

Albertina Chraim