quarta-feira, 25 de setembro de 2013

229. E O QUE NAO É ESPELHO


E teus olhos que tudo belo vem,
Miraram-me a alma espelhada em você....

Atado  a moldura
Que te amarra ao espelho
Condenas tua beleza
Enclausurado á própria  face..

E o tempo traiçoeiro,
Descuidando da própria sorte
Derruba em terra o homem
Entorpecido pela vaidade.


Albertina Chraim

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

228.RELEMBRANDO A INFÂNCIA


Ia de mansinho caminhando pela vida
Reunindo  lembranças que jurava esquecidas...

E hoje então, em especial nesse dia,
Dei uma parada relembrando a roupa
Alva que clareava na bacia...

E nas brincadeiras de nossa infância
Enrolávamos-nos nos lençóis
Que bailavam com o vento no varal...

E senti ainda a aragem,
E de longe, uma voz feminina
Que dizia que roupas limpas não serviam de cortina...

E do apelido,
De cara de lua cheia
Que na época me doía,
Hoje fazemos graças...

Chamavam-me de lunática
Que vivia em outra esfera,
Por falar e dizer coisas
Quando menos se espera...

E hoje eu entendo,
O que queriam me dizer.
Mana acorda pra vida!
Você precisa crescer...

De Irma preocupante,
Debochada e atrevida,
Que fazia hora com todos,
Muitas vezes sem medidas...

Então meus irmãos
Que a infância nunca termine...

Hoje o pouco que nos reunimos
É o muito que nos une,
Nas lembranças que guardamos
Quando a vida ainda era menina...

Lembrei daquele dia que,
Escorreguei na grama verde,
E torci o tornozelo,
E vocês me socorreram
Com pedras de gelo...

E quando faltava luz
Assustávamos uns aos outros
Fingindo ter coragem
No clarão da lamparina...

E das brincadeiras de criança
Muitas vezes embora menina
Investíamos horas a correr como
Quem não tem tempo de parar para comer...

Agora meus irmãos,
Ajustando nossos ponteiros
Sentamos em volta da mesa
Relembrando as brincadeiras...

E fica a certeza
Que felicidade é ter historia
Para contar dos irmãos,
Retomando a memória...

Albertina Chraim

domingo, 1 de setembro de 2013

227.UM SONHO




Hoje, visitei lugares que não existiam,
Habitava lá um misto de realidade,
Com um tanto de fantasias...

Eram castelos imensos,
Mesclados de amarelo...

Estava tão perdida,
E alguns momentos me via encontrada...

Encontrei desconhecidos,
Que me pareciam, por momentos
Apenas esquecidos...

E naqueles lugares aonde,
Nunca havia pisado,
Durante aquele sonho
Pensei estar acordada...

Era tudo tão surreal,
Que chegava a ser natural...

Parei para pensar,
Quão  instigante é o sonho
Faz-nos transitar entre o real e o imaginário...

E em questão de segundos
É como se o meu tempo  estivesse paralisado...

Escalei tantas torres,
Visitei tantos porões,
Perdendo-me em labirintos...

Entre verdades e fantasias
Me via do outro lado...

Era como se meu corpo,
De minha alma houvesse se afastado...

Uma remexida dali,
Uma remexida daqui,
Um sono inquietante
E tudo havia acabado...

Acordei um tanto incrédula
Olhando para todos os lados...

Querendo continuar a historia
Para ter a certeza,
Que havia  apenas sonhado...

Fico a pensar,
Que todo sonho é malvado...

Afasta o corpo da alma,
Para nos ver  do outro lado...

E depois nos entrega a incerteza
Se  estávamos dormindo,
Ou se estávamos acordado.


Albertina Chraim