sexta-feira, 31 de maio de 2013

206. INSONIA






E o sono, que não bate a minha porta,
Faz-me refletir,
Por que quando tudo em silencio,
Afasta-se de mim...

Já tarde foi-se o dia
E a noite se apresenta,
Mas não trouxe consigo o sono
E a  solidão  me atormenta...

Viro para o lado
A ajeitar-me na cama
Mas,  os olhos já não fecham,
Resistindo a insônia...

Já tarde,
Altas horas,
Não consigo dormir...

E como se a madrugada
Estive a desejar-me acordada,
Para amanha bem cedo
Derrubar-me na calçada...

Não sei o que fazer
Para não resistir,
Se levanto,  me perco nas horas,
Se fecho  meus olhos, não consigo dormir...

Ponho-me a escrever,
Como forma de ninar-me,
Para poder fechar os olhos
E a noite apagar-me...

Insônia,
Sai de mim!
Deixe-me dormir!
Pois preciso agora cedo
Minha vida prosseguir...

A vida toda dorme,
Deixando-me em silencio,
Como se, as horas acordada
Revelasse-me o mistério
Que há nas madrugadas...

Já é tarde,
Quase amanhecendo,
Quem dera agora eu possa
Fechar meus olhos e dormir.

Albertina Chraim

sábado, 25 de maio de 2013

205. NA CURVA QUE FEZ O VENTO



E na curva que fez o vento
Nas alças de  minha vida...
Atou-me na saudade
De uma alma desconhecida...

Veio em forma de sopro
A abonar-me como brisa,
Exalando seu perfume
De deusa em despedida...

Mal tive tempo
De pedir-lhe o nome,
Pois saiu em disparada
Como quem quer pegar
A própria vida...

E saiu assim,
De mansinho
Da mesma forma que chegou
Deixando em meus faros
O perfume do amor...

E agora fico aqui
A espera de uma nova brisa
Na esperança que ela volte
Mesmo que seja
Para uma próxima despedida.


Albertina Chraim

204. CALABOUÇO


Nem tudo é tão difícil que não mereça solução,
Cara feia,
Cara amarrada,
E como se, de azedume
Vivesse o coração...

Já bastam as doenças,
Que o corpo não te pede...

Então proteja tua alma
Das amarguras que te impedem...

Arrumar tuas gavetas,
Esticar a tua cama,
Limpar tuas vidraças...

São também formas de ver a vida
Do outro lado,
Com mais graça...

Se o stress te apoquenta
É de ordem positiva,
Pois pior que ter trabalho
E buscar sentido em vida...

Não invistas em problemas
Naquilo que é apenas situação...

Tua vida é muito mais que isso,
E apenas uma condição...

Ninguém fica por muito tempo
Num lugar que não suporta...

Pois se a desilusão for real,
Como num passe de mágica
Chutamos e abrimos a porta...

Tire esse pijama,
Que o corpo já não suporta...

Pois ao deitar-se na vida
Estarás renegando a sorte
De alguém que ganhou um dia
O dom de ser forte...

Se por pouco te deprimes
Incompetente é tua sina...

Fez-se feto, e um dia ganhaste o mundo
Com certeza não te cabe estar morto 
Vivendo moribundo...

Saia desta zona de conforto
Que te prendeste ao temer o cada dia...

Acredite que estas de passagem
E não terás outra chance
Se perderes o gosto pela vida...

Seja grata!
Seja firme!

Não encraque
Com as pequenas coisas,
Teu tempo, desta curta vida...

Ao fechar-te nos calabouços
Das engrenagens da vida...

É com se permitisse, viver morto
Embora com vida...

Então, não perca tempo
Com esse discurso...

De que não vês sentido,
E que tudo te parece estranho
Em meio a tanta gente conhecida...

Este é apenas um padrão
No qual escreveste a tua historia...

Comece a reinventá-la
Criando um final,
Agora, com mais gloria...

Pare de historinhas
De que a vida não te compreende
Acorde para o mundo,
E olhe o que há pela frente...

Prender-te as dores do que já passou
E conviver com um final já conhecido...

Assim não te comprometes
A desbravar o desconhecido...

Fica fácil então,
Viver contando a mesma historia,
Com os personagens e os enredos
Que já fazem parte de tua memória...

Mude o trajeto,
E o rumo da própria vida...

Reinvente um passado
Para no futuro ter a melhor historia...

Se permita
A viver um novo amor...

A dar cabo da tristeza,
A sorrir do que chorou
A levantar do que escorregou...

Pois o único terminal
É quando a morte chega
E diz!
Tua vida acabou...

Então nesse dia,
O tempo te levará
Para longe desse cenário...

E por ironia,
Sentirás saudade,
De quando tudo começou...

Permita-te ficar triste
Mas da tristeza não alimente tua vida...

Ao viver-se deprimida
E como se não se permitisse
A desfrutar da própria vida...

Venha pra rua
Onde tudo tem movimento
Em cada um que passar
Sentiras o firmamento...

Cada um com sua historia e,
Nenhuma poderá ser menor que a tua...

Pois somente mensura a dor,
Aquele que a tem,
Como se fosse somente sua...

Permita-te ficar magoada
Mas da magoa não alimente tua vida

Pois as magoas armazenadas
Não cicatrizam as feridas...

Se as finanças te apertam,
Pense com mais medidas...

Não precisas fazer fita
Para te sentir merecedor,

Como se a aparência desse sentido
Fazendo-te vencedor...

Não cobre tanto dos outros
Aquilo que você não da em troca...

Pois ao te preocupar apenas contigo
Não enxergas o que há a tua volta...

Desperte para a vida
Pois ela é muito curta
Num piscar de olhos
Ela finda...

E te deixará fria
Seca, cega,
Inerte e muda...


Albertina Chraim

sexta-feira, 24 de maio de 2013

203. A VIAGEM



Viajei por entre os povos
Como se me permitisse
Desbravar a imensidão...

Fui a lugares que não me pertencem
Que abrigavam a multidão...

Lugares de muita gente,
Forasteiras, andarilhas,
Estranhos, entre tantos irmãos...

Viajei alem de minhas fronteiras,
Nos confins da vastidão,
Desbravando a solidão...

Fui muito alem dos montes,
Como se fosse pequena,
Toda minha extensão...

Segui alem das colinas,
Atravessei o mar de ilusão
Voei nos céus de nuvens claras...

Mas ninguém mora longe
De onde habita um coração...

Por isso volto a terra,
Para sentir meus pés no chão…


Albertina Chraim

quinta-feira, 9 de maio de 2013

202. MÃE/MULHER



Cultivas vidas,
Como se fosses tu,
A árvore da criação...

Que  alimenta o embrião
Ao torná-los frutos,
Um dia cidadão...

Serão novas sementes,
Que lançadas por terra,
Cairão a teus pés,
E novas árvores brotarão...

Não negligencie tuas crias,
Jogando-as para o abandono,
Nem renegues o afeto,
Como se ele fosse, uma escravidão...

Escolha bem os pais de tuas crias,
Para que não tenhas decepção
Pense e repense o teu compromisso,
És o berço da união...

Aprenda a edificar raízes
Quando juras o amor...

Não precisamos de mais crianças nas ruas,
Nem jogá-las na cova dos leões,
O abandono começa 
Quando não os pega pelas mãos...

É vergonhoso para todas as mulheres
Ver crianças abandonadas,
É como se não saísse delas,
Como se não nos dissem nada...

Para cada filho distante,
Com a educação terceirizada,
Tem uma mãe ausente
Do amor mais verdadeiro...

Renegar o seu rebento,
É como negar parte de si,
Como se não se importasse
Nem fosse fazer diferença,
O tempo...

Do compromisso com teus herdeiros
Não há tesouro que pague,
O exercício de tua maternidade...

Ninguém disse que seria fácil
Gerar, criar e educar filho,
Mas também não há mistério,
Muito menos um sacrifício,
Se tudo isso for edificado
Com responsabilidade...


Não basta ser mãe,
É  preciso ser mulher,
Pra vencer a qualquer  custo
A batalha da educação...

Mostrando para a humanidade que
Nossa tarefa vai alem da vaidade...

Se tens filhos distantes
Onde esse afeto se perdeu?
Ainda há tempo de resgatá-lo
Por meio do dom que Deus te  deu.

(...Um momento de reflexão para o dias o dia 12 e maio de 2013... Não basta ser mãe, é preciso ser mulher...)

Albertina Chraim

domingo, 5 de maio de 2013

202. O GÊNIO E A POESIA




Fique você, com sua genialidade,
Já que eu, sou apenas  a poesia...

Enquanto na vida aprendi a fazer versos,
Você não se transformou,
Apenas em sua rebeldia...

Não sei quem é o gênio,
Já nem sei o que é a poesia...

Ambos são formas
De nos sentir vivos,
Mesmo quando já mortos,
No amanhecer de cada dia...

Enquanto os gênios,
As superiores se igualam...

O poeta  com seus versos,
Pare sua cria...

Em pouco,
De gênio tem um louco...

De louco,
Todo  poeta tem um pouco...

Quando  confunde com palavras
Sua rebeldia..

Se não há poesia
Mesmo em meio à rebeldia...

Permaneceras seco,
Como graveto
Ardendo em fogo...

Voltando para a cinzas,
Como se jamais estivesse  aqui,
Existido, um dia!

Albertina Chraim

sábado, 4 de maio de 2013

201. ALDEIA DO HOMEM





E  na aldeia do universo
Aglomerados se estendem...

Em forma de tapetes
Revestidos de gente...

Trepidantes, rente ao chão,
Mirantes, vêem  estrelas...

Pisam  firmes ao entardecer,
Trôpegos quando cedo...

Seguindo pelas trilhas,
Vivem anos, 
Dormindo os dias...

Caçados pelo destino
Então, já noite,
Acordarão...

Dando-se conta que
Morrerão  velhos,
Porem um dia,
Nasceram menino!

Albertina Chraim