terça-feira, 16 de outubro de 2012

153. DA SOLEIRA DE MINHA JANELA



Da janela do meu quarto,
Vejo um mundo voar... 

Em forma de  pássaros,
Em algazarras a cantar...

E dos rasantes das andorinhas,
Dos  sons das gaivotas...

Em relances de segundos
Também me ponho a voar...

Se tivesse eu, asas,
E o céu pudesse alcançar...

Talvez aproveitasse mais o tempo
Para lá do alto cortejar,
Cada alvorada,
Que a vida me dá...

Nas asas de minha janela
Vôo em pensamentos
Mesmo sem sair do lugar...

Talvez seja esse,
Mais um dos mistérios
Da vida...

Que condenam os homens
A fixar-se em suas janelas
Na segurança de seus horizontes...

Sustento em meus devaneios
O desempenho constante...

Confinando minha  vida
Na soleira de uma janela.

Albertina Chraim

152. ESCOLHAS



Todas as escolhas
São abandonos,
Abdicadas pela opção...

Se, decido ficar aqui
Abandono seguir por lá...

Se, tomo por conduta seguir,
Não sentirei o sabor do ficar...

Se, caminho nesta direção,
Abandonarei tantas outras direções...

Se, por bem resolvi calar,
Foi por que engoli minhas falas,
Para te poupar...

Se, escolho abrir a guarda
Desisto de condenar...

Não é simples decidir
Diante de tantas escolhas
Pois ao definir um rumo
Seguirei um único lugar...

Deixarei para trás
Tantas outras opções...

Pela urgente necessidade
 
De tomar uma direção...

Se é por aqui que vai pra La.
Se for com esse que devo ficar...
Se é assim que deve ser...

Ninguém saberá escolher
Sem antes aprender a
Abandonar.

Albertina Chraim