domingo, 24 de fevereiro de 2013

191. MADRUGADA


          
           Madrugada me acende
Para refletir sobre a vida...

Questionando os acasos
Que improvisam minha sina...

Me pego a buscar-me
Nos horas passadas...

Em que me encontrava livre,
A cada despertar da aurora...

Sem saber a direção,
Que o vento iria tomar...

Por estar em firmamento,
Não tinha hora para chegar...

Madruga companheira,
De minhas reflexões.

Embala meus pensamentos
No invólucro da noite...

Cheio de esperanças,
Que ao amanhecer
A luz venha acender a escuridão...

Albertina Chraim

domingo, 17 de fevereiro de 2013

190. A IRREVERENCIA DE MENINO



E ele era assim,
Meio louco,
Desses de se jogar pedra...

Sua irreverência
Muitas vezes  o fazia trocar as portas,
Pelas  janelas...

O menino foi crescendo,
Assustando muita gente...

E com ele, sua vida
Resumia-se em tormentas...

Para que tanta sabedoria
De verdades as vezes impostas,
Se diante dos fatos
Não sabia encontrar a porta?

E o tempo impiedoso,
Sem dar-lhe  muita chance
Foi descobrindo sua pele
De cordeiro ainda manso...

E agora já mais velho,
De irreverente pouco  tem.
Apenas busca  ser entendido
Da forma que lhe convém...

Deitado  em sua cama
A pensar o que lhe faltou
Ao encontrar-se ainda cru
Na busca do amor...

Acorde menino!
Simplifique tua vida!
Não precisas de irreverência para encontrar
O que esta tão perto,
Muitas vezes ao teu  lado
Guiando-te nos desertos...

Repense esse teu jeito cigano
De contrariar todas as leis
Neste universo de humanos...

Agora ainda há tempo
De assentar-te nesta vida
Na busca do firmamento...

Todo homem nasceu para ser domando
Mesmo o maior irreverente
Que se nega nesta vida
Sentir-se  civilizado...

Albertina Chraim

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

189. APENAS MAIS UM AMIGO DO REI



Não vá embora para Pasárgada,
Lá só entras se fores amigo do rei...

Podes ate encontrares vários amores,
Mas jamais alguém,
Te amará, como eu te amei...

A felicidade pode morar aqui,
Com a simplicidade da vida bucólica,
Sem que te exponhas a própria sorte...

A imprudência, não te pertence,
Nem de loucuras alimentas tua mente...

Aqui te alongaras,
Caminhante em teu próprio corpo,
Sem precisar domar os animais,
Como se a eles, não pertencesse a vida...

Seguiras no teu remanso,
Como as águas  que alimentam  a fauna...

Estarás abençoado  e iluminado
Com luzes que cicatrizam tuas feridas...

Não precisaras de patuás,
Se tens em ti tuas crenças...

A ti, recontarei todas as histórias
Que escrevemos em  um só coração
Ainda enamorados...

Essa tal liberdade,
Fugidia te impede,
De voar em teus próprios sonhos...

Não fujas de ti mesmo
Pois teu Eu sempre te acompanhará...

Sexo livre,
É fantasia de quem ainda
Não aprendeu a fazer  a sua própria cama...

Não precisas caçar o amor
Como quem ainda não sabe amar...

A tristeza faz parte da vida,
Não pense em abortar-te...

Não vá embora para Pasárgada,
Lá não te pertence a vida,
Serás apenas mais um amigo do rei.

Albertina Chraim

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

188. CONVERSA ENTRE AMIGAS


Perguntas-me o que penso de ti
Com se me fosse fácil definir!

Não tenho muita clareza
De como te conheci...

Parece que já nascemos juntas,
E que nunca estivesses longe de mim...

Tua face, nunca me foi estranha,
Teu jeito, nunca me foi desconhecido...

Parece que já te conheço de longas datas,
Como se fossemos passageiras do mesmo coletivo...

Então querida amiga,
Gosto do jeito que tu és...

As vezes, tão doce como o favo de mel
Que de tanto açúcar, deixa um gosto de fel...

As vezes tão cruel,
Que de tantas incertezas deixa-me
O sabor da pureza...

Meu gostar é sincero.
Te gosto assim mesmo como és...

Sem precisar maquiar-te
Para disfarçar
Teus mistérios...

Assim nos completamos,
Nessa caminhada da vida,
Sem nos cobrar uma da outra...

Quando sou sol,
Talvez você, lua...

Quando vestida,
Talvez me encontres nua.

Quando te calas
Ponho-me a escrever...

Damos-nos a certeza,
Que mesmo com tantas diferenças
Nossa amizade continua...

Então não me perguntes
Aquilo que não sei dizer...

Meus sentimentos são tão nobres
Que mesmo que peques
Ponho-me a te defender.

Quando anoiteço ,
Você madruga...

Quando escreves em linhas retas,
Eu escrevo de cabeça para baixo
Na tentativa de revirar as palavras...
E por meio delas te dar o meu abraço.

Albertina Chraim.




187. DECORE A LIÇÄO


Não traves tua portas
Para receber os amigos...

Um dia a solidão poderá bater
Pela falta de convívio...

Quem nunca quer ser lembrado,
Um dia será esquecido...

Lembre-se de cultivar amizades,
Para a solidão,
Não tornar-se o pior castigo...

E simples,
Basta decorar a lição...

Cada um tem seu livre arbítrio,
Não nos cabendo a condenação...

Vamos respeitar os limites
Usando sempre a ponderação...

Pois a maior virtude do Ser humano
É viver em união...

Necessitamos uns dos outros
Como o ar e o pulmão...


Albertina Chraim

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

186. O TEMPO



O tempo passou,
Como quem passa de repente...

Foi como se, viver para o tempo,
Você algo indiferente...

A urgência se fez
Sem me pedir licença...

Passaram-se tantas coisas
Deixando a saudade
De algo que parecia presente...

E de repente o tempo ficou no passado
Como a revelação de um amigo oculto,
Que acaba de ser revelado...

E de repente o tempo ficou mudo
Como quem planta
Uma semente...

Fincando na terra  apenas a esperança
De ver germinar outras sementes...

E o tempo que a todos engana,
Com sutileza saiu à francesa...

Deixou tantas marcas em meu corpo,
Como forma de marcar território
Por sua presença.

Albertina Chraim

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

185.ESCALADA




No topo da montanha
Sentindo o ar puro...

Permito-me  a olhar para trás
Como quem tem o desejo de escalar
Um novo mundo...

Diante de tal visão
Das marcas que deixei ao chão...
Agradeço a todos aqueles
Que me guiaram nessa direção...

Nada seria possível
Se não fossem as ventanias
Que me tiraram do chão
Na busca de melhores dias... 

Precisei das noites calmas
Para acalantar minha alma,
Que implorava por um cadinho de colo
Quando não tinha colchão...

E o escaldante sol
Que queimou minha pele
Aqueceu a existência
Para que  eu  desejasse  o inverno...

E no frio das invernadas
Que congelaram minha carne...
Lembrava das  manhas ensolaradas
Que de camisa aberta ao peito
Corria pela vida
Como se o viver não tivesse defeito...

E das manhas de cada dia
Aonde surgiam aos primeiros raios de luz
Cantava  em voz branda:
Quem madruga, cedo produz...

E quando entardecia,
Debruçada na janela
Vinha a brisa da noite
A encher-me de nostalgia,
Em forma de saudade,
Do tempo que não voltaria
 Jamais...

E hoje trago  a certeza,
Que o que vem adiante
É o que vai ficar pra trás...

E assim nessa escalada
Ao chegar ao topo da montanha,
Vem o desejo de voltar,
E iniciar outra vez,
Essa façanha...

Mas agora bem mais claro
Do que quero,
E do que sou capaz,
Inicio outra jornada
Buscando aprender casa vez mais...


Albertina Chraim

184. PARALELAS DE MINHAS LINHAS



Pego-me poetizando
Como gravetos  que alimentam o fogo...

Em cada rima que invisto
Emposso meus sonhos
Que sonhei mesmo acordada...

E nas prosas de meus versos,
Deito meus desejos,
Repletos de tantos medos,
Que por temê-los os guardo em segredos...

Invisto em meus escritos
Sem pudor de revelá-los...

Imagino cravar no tempo
O que esta oculto em meio às palavras...

E o perfume do texto
Que exalam meus pensamentos.
Inebriam meu corpo...

E num acordo com o tempo
Me acordo debruçada na escrivaninha...

Que como berço me embala
No balanço das paralelas
Destas linhas...