quarta-feira, 2 de novembro de 2011

48.A SOLIDÃO DO ESCRITOR




Na partitura da autoria da vida
O “in” pode ser “contra”, 
O “com” pode ser  “junto”,
O “ciente” é “sabido”...


Estaria no embrião da vida
Escondido o tal inconsciente?


Que artifícios o homem usa 
Ao relatar com o peso da grafia
O sacrifício de viver?


Na busca de trazer a tona 
O que não consegue falar,
O homem registra nas linhas da vida,
Os traços da essência das coisas que teme calar...


Disfarçando o anseio da escuta
A liberdade de escrever retarda 
A certeza do envelhecer...


Nesse sentido, 
Envelhecer seria burlar 
A forma precoce de morrer? 


Ao escrever,
O homem emudece a fala 
Silenciando a escuta,
Quando a sua escrita crava
 Na folha suas inquietudes...


E assim a escrita 
Comprova a solidão de um escritor...


O que seria a solidão 
Que acompanha o do escritor?


Seria o dom de ausentar-se,
Desligar-se de si mesmo,
Permitir-se perceber o ‘Outro’
Que habita seu universo interior?


Seria ausentar-se da realidade,  
Comprometer-se com o risco 
De não poder mais se reencontrar?


Ao desligar-se da realidade,
O escritor liberta  sua obra
Ate então presa a seus conceitos 
De homem consciente...


Mas, de que se constitui essa obra, 
Que liberta a alma, mas compromete o espírito 
Ao trazer para a terra  a escritura do homem?


Na leitura da obra do escritor,
Escutam-se os gritos da alma em sintonia silenciosa
Como se estivesse o autor a libertar-se de seus espíritos...


Como quem se abre numa gaveta,
Vai remexendo sensações 
Encontra riscos e escritos...


Em meio a tantos arquivos esquecidos.
Páginas rasgadas,
Outras tantas amassadas...


Traços rascunhados 
Dos desejos  envelhecidos...


E da solidão do autor
O homem sedimenta sua estrada
Entre as guias paralelas 
Da realidade e do seu interior...


A solidão do autor percorre o deserto
Povoado dos sonhos de um escritor...


Em meio a Oasis o homem voa
Nas asas de ‘con’ “dor’...


Transforma a aridez em  um mar fecundo 
De palavras e sonhos...


Desmistificando sua dor
Sai da terra,
Chega na lua,
Caminha nas águas com  louvor...


Abre a terra e semeia a vida  
Com seus textos a insultar  o leitor.

Albertina chraim

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