terça-feira, 1 de novembro de 2011

39.DESPIR A VIDA




E  o homem em despedida,
Se despe desta vida assim 
Como chegou ao mundo...
Pés  no chão e desdentado 
Com as idéias já demente 
Quando  entende que quando gente 
Era feliz  e foi amado...
As lembranças  já  não existem, 
Esqueceu seu próprio nome...
Se tem fome,  já não se sabe,
Se tem  dor  é da realidade
Que a  vida o condenou a  um leito adoentado...
O coração já não pulsa,
O pulmão já não respirada,
E as mãos já não seguram  
O que  conquistou desta vida...
Se soubessem a ainda menino 
Que viver é  uma  oficina, os homens então
Reescreveriam de outra  forma
A sua sina...
Não contariam  tais verdades,
Soltariam da tal alma,
As suas ansiedades...
Jogariam então  as mágoas
Que  condenam a  humanidade
A sofrer e denegrir a própria  felicidade...
E o homem ainda pequeno escreveria poesias,
Dos textos só  alegria.
Em  forma de fantasias..
O homem cortejaria  a vida 
Como palhaço e suas alegorias...
Mas a vida  não tem  pena, 
Esse homem que nasceu,
Dormiu  no  ventre materno,
Correu ainda criança,
Achando que  suas pernas alcançariam as mil léguas da esperança...
Adolesceu feito gigante
Brincando a todo instante
Amadureceu como amante 
Com o peito cheio de flores
Ao se entregar a tantos amores... 
E agora já então velho,
Desta vida se despede sem ter  sobrado  na lembrança,
As memórias de criança...
O que restou de sua historia,
Foi o corpo que ainda transita como carne
Que apodrecem ainda com vida... 
E agora a sua prole,
Num riso disfarçado,
Vai chorar a  morte,
Deste homem afortunado que de inquieto,
Agora jaz  sossegado...
É assim que termina
A escrita desta vida em oficina...
Onde o homem faz de sua vida uma corrente,
Mesmo em meio a tanta gente 
É sozinho retirante...
Mas feliz foi esse homem 
Que não foi abortado em vida...
Chegou a esse fim,
Pois viveu eternamente
O sentido de existir...
Quando os olhos se serrarem
E o tempo perder o sentido,
Este homem deseja agora
Habitar o seu jazigo...
E ainda solitário, 
Deste outro mundo,  nada se sabe...
E o que era corpo, agora segue  
O caminho do desconhecido...
Como restolho de esperança 
No seu quarto enlutado
O homem  olha  uma criança...
Mesmo em meio a tanta gente
Solitário e disfarçado,
Na mão ainda pequena 
O menino pega a pena...
A rabiscar as paredes, 
Desta vida, ainda serena...
Com um suspiro aliviado,
O homem fecha os olhos,
Ao ver cumpri seu legado...
Nessa vida já não está,
A sofrer como era antes
E a  continuação dessa historia ficará
Nas mãos deste infante.

Albertina Chraim

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