terça-feira, 1 de novembro de 2011

37.UM SONHADOR

Escrever  revela a alma,
Requer desejo e inspiração...
Assim o homem perpetua a historia,
Num processo de transição...

O que era dele já não é,
Torna-se público sua aflição...

Tal qual um trovador se faz nostálgico,
Retoma  sua vida,
Visita seu castelo...


Cata cacos do que sobra
Pelos cantos de sua memória...

Se faz parte de sua vida,
Ter sorrido  ou ter chorado,
O homem segue em frente
Como um  cavalheiro solitário...

E na ânsia do abandono
E do medo de se esquecer,
Ousa escrever agora,
Coisas que jamais havia contado...
È assim que   o homem,
Revela as historias de sua vida
Como se  fosse essa...
A única forma de suportar a realidade
De alguém que perde em vida 
As historias do passado...

Revelar os seus amores
Já não é mais tão proibido...
E falar de suas dores
É como se jamais houvesse sofrido... 


E as coisas vão se perdendo
Revelando sem sentido...
E aquilo que era grande
Agora se faz pequeno,
Esquecido...

Quando pega a pena,
Inicia seu escrito
É como se ele se permitisse
Perdoar o que foi  sofrido...


Escrever então é isso,
Um misto de intenções...

Se o homem nega a escrita

Morre preso  sem ilusões...

Então muito cedo se levanta,

E com tal altivez
Escreve sua historia...

Usa o corpo,
Tinge a alma com tamanha heresia...

Brinca com o tempo esquece a hora

Faz de suas experiências fantasias...

E o homem,
Ao contar, parte de sua historia,

Registra nas páginas da vida
O que sobrou de sua existência...

E assim com resistência,

Como o vento na janela,
Balança as fagulhas da vida,
Como se não fosse ele, o protagonista...

Revela-se então o Outro,

Que refletido no espelho
Ë como  se ele fosse apenas, um ator,
Atuando numa novela...
Ao contar as experiências,
O homem recompensa
Por meio da escrita
A redução de sua sentença...

O mesmo se liberta,
Dos atos cometidos,

Muitas vezes condenado
A estar preso a própria vida...

Ao revelar-se  tal  ator,   

O homem  divide a dor,
Quando vê em seus escritos   que a vida já  passou...

E assim em penitencia, 

Com tantas experiências,
A certeza que fica,
É que ao escrever  se revela
A vida,
De um eterno sonhador.

Albertina Chraim

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