sexta-feira, 1 de novembro de 2013

235. ALGAZARRA


No silêncio de minha voz, 
Ouço as algazarras do pensamento,
Em brados de calmaria
A fragmentar-me...

São restos de memórias
Muitas vezes esquecidas
Suportando as marcas
Das escaladas,
Outras vezes das descidas...

Sento-me à cadeira,
A reler os meus escritos,
Em cada verso que encontro
É como se o Eu, jamais tivesse existido...

Deparo-me com uma estranha
A dizer-me coisas que penso,
Invadido a tal privacidade,
Revelando-me em seus pensamentos...

O que fica de verdade
É o que suporta o tempo.

As mentiras!
Essas foram esquecidas,
Perderam-se ao vento...

Com fagulhas de vaidade
Em mistos de saudade
Vou ouvindo os barulhos
Que ajustam-se com o tempo.

E o tempo?
Esse, senhor da vida,
Em gesto de caridade,
Acaricia minha alma
Cicatrizando as feridas.

Albertina Chraim

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