segunda-feira, 31 de outubro de 2011

33.SIMPLES MATA BORRÃO


Ao soltar a voz no papel 
Em forma de escrita,
As idéias se tornarão para sempre
Inseridas...
No movimento da escrita 
A emoção escorrega feito água das enchentes,
Em calhas, atoladas pelas folhas secas jogadas,
Desejando a primavera...
Ao libertar o lápis, 
Em cima da folha já não tão alva, 
O escritor desperta... 
Seu olhar fita a ponta, gasta pela pré tensão
Que jaz em forma de pinça 
Sobre a lápide do papiro...
Escrever é essa forma ritualista 
De limitar um território 
Tão desconhecido,
Em forma de prazer 
Que deseja não ser esquecido...
Ao sepultar seus pensamentos 
Como se fosse o papel apenas  um jazigo,
O escritor se julga protegido...
Obreiro de suas marcas, 
Grafita em forma de letras sua parede humana...
Escala feito alpinista 
Atado em suas amarras,
Tal qual feto grudado ao ventre materno...
E das entranhas do feminino,
Nasce talvez um menino,
Ainda moleque a revelar seu destino...
E assim se faz o homem,
Sozinho e rabiscado
Pelo mundo a decorar seu traçado... 
Faz curvas e deixa marcas
Grafitando seu destino, 
Vive e cria histórias,
Imaginando ser a vida 
Um simples pergaminho... 
Sua essência se revela,
Traz à tona suas quimeras...
Carrega em suas verdades
Um mito de fantasias...
Algumas vezes parece humano,
Outras vezes mitologia...
Escrever então é isso,
Um ato de conservar a ação...
Num rito de risca e rabisca, 
Busca absorver sua essência
Como se fosse o Homem 
Um simples mata borrão!

Albertina Chraim

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