sexta-feira, 28 de outubro de 2011

23.MENINO RANHENTO



Caminhando pela rua
Em plena noite fria
Vi menino ranhento...

Perguntei quem era ele,
Me respondeu,
Sou filho do vento!
Ao ouvir tal resposta
Em seus olhos eu perguntei
Cadê o vento?
E logo me respondeu:
Esposou-se da tempestade!
Com tamanha estranheza,
Perguntei...
Quem é ela?
Assombrou-me a resposta
Ao ouvir na voz pequena
Que a tempestade
O botou no mundo
E o abandonou a própria sorte...
Ó que dura realidade
Do menino ranhento...
Trás no nome o abandono
Por ser filho do vento
E ser parido da tempestade
Ao jogá-lo no relento...
Se fosse filho das pedras
Talvez tivesse onde aninhar-se.
Para passar as noites frias,
Em total calmaria,
Adormeceria em seus braços
Com a certeza de melhores dias...
Mas o menino ao afastar-se
De minha inquisição
Esticou na calçada
A ultima edição
Do jornal em circulação...
Que trazia em suas letras
Nas noticias do dia
Que o vento e a tempestade
Amedrontam a humanidade
Deixando tamanha desolação...
Que estranha ironia
O menino a agasalhar-se
Nos escritos do jornal
Que falava do vento
E da tempestade
Naquela noite fria...
E nas letras tingidas
Do jornal em edição,
Naquela noite fria
Estava o vento e a tempestade,
A agasalhar a sua cria.


Albertina Chraim

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