sábado, 28 de janeiro de 2012

96.QUEM TU ÉS?



Sangras-te dias sem parar
Sem perder a vida...

Carregas-te na própria veste
A prole humana...

Capaz de vomitar pelas entranhas
Parte de ti...

Alimentas-te ao peito
Os quase fetos prestes a tornarem-se sujeitos...

Se tinhas fome,
Teu pirão não era o primeiro...

Varas-tes as madrugadas a zelar por tuas crias 
Nas horas de insônia...

Desnudasses  a vaidade a gestar
Vários homens...

Me carregas-te eu teus braços
Quando  meu cansaço 
Implorava teu colo...

Quando já mais tarde
Cansada da idade
Embranqueceram-se os fiapos de teus cabelos...

Esquecida pelos homens
Adoeces-te a carne...


Agora,
Em teu leito, depois de tantos atos
Despede-se da vida...

Deixando-me  em  saudades
Dos tempos em que acalantavas
Em tuas preces
Meus sonhos de criança...

Quem tu és?
Ser que me deu a vida
E hoje me convida a abraçar-te...

Como se em cada abraço
Estivesses  anunciando a partida?

Albertina Chraim

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