quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

95.FAXINA

        
Mil baldes bastaram
Para que eu lavasse minha alma
Tirei todas as teias que teciam nossa história...

Dos dramas fiz risadas
Das dores entreguei flores...

Das magoas perdoei
E das farsas fiz verdades...

Em cada canto que limpava
Exalava teu perfume.

A lembrar-me nos dias
Em que te fiz um homem amado...

De tuas condenações me libertei
O que te libertava me atei...

Foram horas de lembranças
A vascular cada canto...

E assim passei as horas
A faxinar a nossa trama...

Recordando cada segundo
As perdas ou as vitoria...

As águas barrentas
Descarregavam a memória...

Mas depois de tudo limpo
Olhei para o assoalho
E me vi em firmamento...

Por guardar ainda no peito
Nossos doces momentos...

Não foi fácil nessa faxina
Desapegar-me do que foi teu...

Mas ao limpar meu coração
Pude compreender
Que amar-te valeu apena...

No meio dessa faxina
Vi um pássaro batendo as asas
Ensinando-me a duras penas 
 O que é a saudade. 

Albertina Chraim

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