sábado, 17 de maio de 2014

263. ENVELHECER




É saber desfrutar das marcas do tempo,
Desapegando-se da vaidade humana...

É esquecer a beleza da carne,
Para assumir a experiências da alma...

É não ter medo de partir,
Nem temer o desconhecido...

É procurar os óculos na própria face,
Ou trocar os chinelos,
Confundindo entes queridos,
Como se deles necessitássemos apenas do afeto...

Envelhecer seja talvez, ver fogo aonde há água,
E no meio da água, encontrar-se com o próprio fogo...

É olhar para trás com a mesma inocência de quando criança,
É  resgatar o tempo, como se a vida fosse uma mentira,
E o que resta de verdade é apenas a esperança...

È não ter pressa para a vida,
Pois a urgência, é que mata o homem,
Como se o tempo fosse sua própria partida...

Envelhecer então é isso,
É não ter mais respostas para tudo,
Nem opiniões tão formadas...

É olhar a algazarra dos netos
E ver iniciar-se mais uma longa jornada...

Envelhecer é a certeza do nada,
É  trocar as noites, talvez pelos dias
Como se fosse cada segundo
O inicio de mais uma jornada...

Envelhecer é não ter sido abortado em vida,
É fiar o tempo,
Com as linhas da própria face,
Tramando uma colcha de retalhos,
Tecendo os fiapos de vida.

Albertina Chraim

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