200. PREGUIÇOSA

Tenho preguiça de mentir,

Dá trabalho justificar-me...

Tenho preguiça  de  fugir,

Dá trabalho esconder-me...

Tenho preguiça de brigar,

Dá  trabalho perdoar-me...

Tenho preguiça de ferir,

Dá  trabalho  curar-me...

Tenho medo de perder,

Dá trabalho procurar-me...

Tenho preguiça de  roubar,

Dá  trabalho sustentar-me...

Tenho preguiça do vicio,

Dá trabalho limpar-me...

Tenho preguiça de matar,

Da trabalho ressuscitar-me...

Então busco ser coerente,

Com preguiça de condenar-me...

E assim sigo  minha vida,

Tentando não ser perfeita...

Mas em cada ato que cometo

Busco  formas  saudáveis de ser aceita.

Se mesmo assim  pecar,

Estarei  refletindo,

Como posso melhorar,
Pois tenho preguiça de piorar-me.

Albertina Chraim

199. CONCEITOS

A manta que cobre minha pele

Encobre minha alma,

Impregnada de saudades...

As lantejoulas   que decoram  minha veste

Revestem meu pensamento

Impregnados de desejos...

E o fio que  esboça meu destino

Desenha meu caminho

Impregnado de palavras...

E as sombras do entorno de meu  corpo

Contornam  minha vida

Impregnada de memórias.

Albertina Chraim

198. GRAFITANDO SAUDADES

Pego -me poetizando

Como gravetos que alimentam o fogo...

Em cada  rima que invisto

Emposso meus sonhos,

Que sonhei mesmo acordada...

E nas prosas de meus versos

Deito meus desejos

Repletos de tantos medos

Que  por temê-los os guardo em segredos...

Invisto em meus escritos

Sem pudor de revelá-los...

Imagino cravar no tempo

O que esta oculto  em meio a tantas palavras...

E o perfume de teus beijos

Que exalas em meus pensamentos.

Inebriam-me   o corpo...

E num acordo com o tempo

Acordo-me  no balanço de meus pensamentos..

Esbarro no tempo,

Chamando-me para a realidade,

Tingindo meu corpo

Grafitando a saudade.

Albertina Chraim